Ataques de Requião a Lula ainda ressoam entre eleitores lulistas
No próximo sábado os candidatos à presidência Lula da Silva (PT) e ao governo do Paraná Roberto Requião (PT) vão subir em juntos num palanque na Boca Maldita, em Curitiba. Requião deverá fazer um discurso enfático defendendo Lula, mas nem sempre foi assim. Muitos eleitores lulistas não esquecem, de jeito nenhum, o ano de 2006. Lula buscava a reeleição e Requião se recusou a ir a um comício feito nas vésperas do segundo turno, na mesma Boca Maldita. Na ocasião, Requião mandou o candidato a vice, Orlando Pessuti (MDB). “Generoso, o Lula ainda pediu votos pra ele”, lembra, reservadamente, um dos fundadores do PT no Paraná.
Naquela eleição Requião fez um jogo duplo: colocou um pé na canoa de Geraldo Alckmin (PSDB) e outro na de Lula. A verdade é que Requião sempre teve uma relação de atritos com Lula e, em especial, com o PT do Paraná. Ao longo dos anos, foram vários embates, ataques e polêmicas.
Desde as brigas públicas com Gleisi Hoffmann, que hoje preside o Partido dos Trabalhadores, a quem Requião chamava de “Barbie”, até traições para isolar o PT na esquerda paranaense.
Os problemas de Requião com Lula e o PT chegaram a ser tema de uma matéria da revista Veja, intitulada “Requião e PT: idas e vindas de uma química complicada”. “O estilo personalista de Requião teria, na visão de alguns petistas, asfixiado o crescimento do PT paranaense”, reportou a revista.
No momento de maior fragilidade do líder petista, tanto na época do mensalão do PT, quanto na Operação Lava Jato, que levou Lula à cadeia, as agressões de Requião ainda ressoam.
Outro fato que afasta mulheres e jovens lulistas de Requião são as declarações machistas e o desrespeito à democracia e à liberdade de imprensa, com episódios até de violência física contra jornalistas.
Ataques a Lula
Na época do mensalão do PT, Requião acusou o ex-presidente de barganhar cargos políticos em troca da sua sobrevivência. Também não foram poucas os disparos negativos à política econômica petista, e a figuras como Aloízio Mercadante, ex-ministro e coordenador do programa de governo de Lula.
Já na época da Lava Jato, em uma entrevista ao UOL, em 2016, Requião condenou Lula pelas negociatas envolvendo o sítio de Atibaia, e chamou de “vigarice” as palestras que o ex-presidente fazia ao preço de R$ 200 mil cada.
“Veja o Lula com aquele sítio [de Atibaia]. Tem cabimento isso? Ele tinha entrado naquela vigarice de palestras”, disparou Requião em entrevista ao jornalista Josias de Souza.
Neste ano, antes de ingressar no PT, Requião seguia mantendo certa distância de Lula. Em entrevista ao Congresso em Foco, disse: “Se lulismo vira credo, desse credo não sou crente”, detonou Requião.
Novas ameaças
Mais recentemente, no mês passado, Requião ameaçou desistir da campanha e prejudicar o palanque de Lula no estado. O motivo? Requião queria que o PT alugasse um jatinho para sua campanha a governador.
“Saí candidato no Paraná para dar palanque a Lula. Mas vim de carro pra cá porque não conseguiram nenhum avião para mim. Estou sem apoio algum e nem estrutura de campanha tenho. Me liguem e digam se vai haver ou não, pois se não desisto dessa aventura e vou para a praia. Aqui no Paraná o Bolsonaro vai ganhar de lavada”, ameaçou Requião, conforme relato do jornalista Zé Beto.