Bolsonaro pede investimentos e diz que críticas sobre Amazônia são injustas
(Reuters) – Em uma tentativa de atrair mais investidores para o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, em Dubai, que o país está “de braços abertos” e defendeu-se das críticas sobre a política ambiental brasileira.
“Queremos que os senhores conheçam o Brasil de fato, e uma viagem pela Amazônia é algo fantástico. Até para que senhores vejam que nossa floresta amazônica, por ser uma floresta úmida, não pega fogo”, disse Bolsonaro na abertura do seminário “Invest in Brazil”, citando uma informação equivocada e que é desmentida pelo crescente aumento de queimadas na região.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o mês de agosto deste ano –quando as queimadas costumam atingir seu ponto máximo– teve mais de 28 mil focos de incêndio, o terceiro pior número desde 2010. Antes, os piores índices foram em 2019 e 2020, primeiro e segundo ano do governo Bolsonaro.
Poucos dias depois do encerramento da COP26, o governo brasileiro busca ainda convencer o mundo de que mudou de postura e está investindo em cuidar da Amazônia. Outros discursos no seminário, como dos ministros Carlos França, das Relações Exteriores, e Bento Albuquerque, de Minas e Energia, também focaram nos investimentos que o país estaria fazendo contra o desmatamento e pela produção de energia limpa.
“Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em Amazônia não são justos. Mais de 90% está preservada, exatamente igual que estava em 1.500”, disse Bolsonaro.
Dados da organização MapBiomas –formada por universidades, pesquisadores e ONGs– mostram que a Amazônia perdeu 44 milhões de hectares de mata nativa entre 1985 e 2019, sendo que 96% desta perda foi transformada em área para agricultura e pecuária.
O presidente convidou, ainda, os empresários a investirem no Brasil, especialmente na área de produção agrícola, e incentivou a exploração mineral na Amazônia, ao dizer que a região tem “praticamente toda tabela periódica” debaixo de suas terras. O governo tenta aprovar um projeto que autoriza a exploração mineral em terras indígenas, hoje proibida.
“Brasil está de portas abertas para negócios em outras áreas, mas em especial voltada para agricultura”, afirmou Bolsonaro. “Temos tudo que mundo precisa, estamos de portas abertas e queremos cada vez mais ampliar as relações comerciais, e os senhores são os parceiros preferidos por nós.”
O presidente deixa Dubai nesta terça-feira e segue em viagem para o Bahrein e depois para o Catar. A previsão de chegada de volta ao Brasil é na sexta-feira.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)