Boris Johnson renuncia ao cargo de premiê do Reino Unido após polêmicas
LONDRES (Reuters) – Boris Johnson renunciou do cargo de primeiro-ministro do Reino Unido nesta quinta-feira (7), após ter sido abandonado por ministros e pela maioria dos parlamentares de seu Partido Conservador.
Cedendo ao inevitável depois que mais de 50 ministros renunciaram e parlamentares disseram que ele deveria sair, um isolado e impotente Johnson fez um pronunciamento do lado de fora de seu gabinete em Downing Street para confirmar que renunciaria.
“O processo de escolha desse novo líder deve começar agora. E hoje nomeei um gabinete para atuar, como farei até que um novo líder esteja no cargo”, disse Johnson.
Após dias de luta por seu cargo, Johnson foi abandonado por todos, exceto por um punhado de aliados, diante do último de uma série de escândalos que quebrou a vontade de correligionários de apoiá-lo.
“Sua renúncia era inevitável”, disse no Twitter Justin Tomlinson, vice-presidente do Partido Conservador. “Como partido, devemos nos unir rapidamente e nos concentrar no que importa. Estes são tempos graves em muitas frentes.”
Os conservadores terão agora que eleger um novo líder, um processo que poderá levar cerca de dois meses.
Uma pesquisa do YouGov mostrou que o ministro da Defesa, Ben Wallace, era o favorito entre os membros do Partido Conservador para substituir Johnson, seguido pela ministra júnior do Comércio, Penny Mordaunt, e pelo ex-ministro das Finanças Rishi Sunak.
Muitos disseram que Johnson deveria deixar o posto imediatamente e entregá-lo ao seu vice, Dominic Raab, dizendo que ele perdeu a confiança de seu partido.
Keir Starmer, líder da principal legenda de oposição, o Partido Trabalhista, disse que convocaria um voto de confiança parlamentar se os conservadores não removerem Johnson imediatamente.
“Se eles não se livrarem dele, então os trabalhistas vão intensificar o interesse nacional e trazer um voto de desconfiança, porque não podemos continuar com este primeiro-ministro por meses e meses”, afirmou.
A crise ocorre quando os britânicos enfrentam o aperto mais forte em suas finanças em décadas, em meio à pandemia de Covid-19, com inflação crescente e a economia prevista para ser a mais fraca entre as principais nações em 2023, além da crise envolvendo a Rússia.
Também vem depois de anos de divisão interna desencadeada pela estreita votação de 2016 para deixar a União Europeia e ameaças ao próprio Reino Unido com demandas por outro referendo de independência da Escócia, o segundo em uma década.
O apoio a Johnson evaporou durante uma das 24 horas mais turbulentas da história política britânica recente, sintetizada pelo ministro das finanças, Nadhim Zahawi, nomeado para o cargo na terça-feira, pedindo pela saída do premiê.
Zahawi e outros ministros do gabinete foram para Downing Street na quarta-feira à noite, junto com um representante de alto escalão dos parlamentares da sigla que não estão no governo, para dizer a Johnson que o jogo havia acabado.
Inicialmente, Johnson se recusou a deixar o cargo e pareceu pronto para resistir, demitindo Michael Gove –um membro de sua equipe ministerial de alto escalão que foi um dos primeiros a dizer-lhe que precisava renunciar– em uma tentativa de reafirmar sua autoridade.
Um aliado havia dito ao jornal Sun que os rebeldes do partido teriam que “mergulhar suas mãos em sangue” para se livrar de Johnson.
Mas na manhã desta quinta-feira, quando uma série de demissões chegou, ficou claro que a posição de Johnson era insustentável.
“Isto não é sustentável e só vai piorar: para você, para o Partido Conservador e o mais importante, para todo o país”, disse Zahawi no Twitter. “Você deve fazer a coisa certa e ir agora.”
Por Kate Holton e Elizabeth Piper