Como está o quadro político federal, estadual e municipal aos olhos dos paranaenses?
O que ela nos diz sobre o Brasil:
– Em relação às ações relacionadas à crise gerada pelo Coronavírus, o Presidente Jair Bolsonaro tem indicadores melhores no Paraná (39,1% de ótimo e bom, 40,1% de ruim e péssimo) do que na avaliação nacional (números nacionais apresentados pelo Datafolha que apontam uma avaliação de ruim/péssimo na casa dos 49% e apenas 27% de ótimo/bom, pesquisa de 23,24/06/2020).
– Quanto à aprovação do Presidente de forma geral, os dados são ainda melhores no Paraná (45,8% de ótimo/bom, 32,1% de ruim/péssimo) do que no Brasil (Datafolha 32% de ótimo/bom, 44% de ruim/péssimo).
Saliento o aspecto da questão amostral da pesquisa sobre o Brasil, que pesa a favor do Paraná Pesquisa com suas 1.512 entrevistas realizadas no Paraná, frente as 2.016 entrevistas do Datafolha que ocorreram em todo Brasil.
O que ela nos diz sobre o Paraná:
– Aprovação impressionante do Governador Ratinho Junior, em que 74,2% dos entrevistados aprovam a gestão e 20,4% desaprovam. Com destaque para uma maior aprovação na região de Curitiba, com 78,2% de aprovação, frente a 72,3% no restante do Estado.
– Com relação ao isolamento social, 67,1% são a favor da forma como está sendo feito e 28,1% responderam contra – índice semelhante à aprovação do governador quanto às medidas tomadas no enfrentamento da crise causada pelo Covid-19.
O que ela nos diz sobre os Municípios:
– Os prefeitos estão bem avaliados no geral, com um índice de aprovação médio de 63,5% e uma desaprovação de 31,7%.
– O Presidente é mais bem aprovado nos municípios do interior do Estado (61,5% aprovam e 34% desaprovam) do que nos municípios da Região Metropolitana de Curitiba (50,4% aprovam e 47,1% desaprovam).
Questões relevantes para pensarmos a partir dos números e além deles:
– O Governador poderá ser o grande “eleitor” dos pleitos municipais, pois, além do peso da “máquina” administrativa, contar com uma aprovação de mais de 70% lhe possibilitará pender a balança eleitoral de forma decisiva.
– O fator Jair Bolsonaro no Paraná, aqui no Estado a polarização está menos acentuada, demonstrado a uma vantagem da aprovação do Presidente, mas com números de reprovação também acentuados, o que fará os candidatos redobrarem a atenção sobre aderir ou não ao “bolsonarismo”, pois se afastar exclui uma parcela muito grande do eleitorado e aderir também – equilíbrio complexo, ainda mais para os candidatos ao Executivo, que precisam consolidar maioria de votos.
Breves explicações
– Os índices do Presidente estarem melhores no Estado do que no nível nacional não surpreendem, pois esse cenário já se desenha desde a eleição. Vale lembrar que no Paraná, Bolsonaro teve 68,43% dos votos, Haddad teve 31,57%, enquanto o resultado no Brasil foi de 55,13% para Bolsonaro e 44,87% para Haddad.
– A alta taxa de aprovação do governador e dos prefeitos pode ter como explicação possível um fenômeno que elevou a aprovação de todos os líderes mundiais (com exceção daqueles que negaram os efeitos da pandemia). O “fenômeno do inimigo comum”, causado em parte por um sentimento de unidade ao enfrentar um oponente externo, leva diferenças internas e disputas locais perderem o sentido. Deste modo, cresce o sentimento de unificação ao redor de um líder que passa a imagem de preocupação em proteger vidas, aspecto ainda mais relevante para os menos favorecidos.
– A posição do governador também é confortável por uma questão de contraste e holofotes. Muito da atenção negativa da mídia acaba voltada para o Presidente e muito da pressão por conta do sistema de saúde e da abertura dos comércios locais recai sobre os prefeitos, o que lhe permite em alguma medida escolher os momentos em que “intervém”.
– Em relação ao governador, mais de 82% diz saber o que ele está fazendo para enfrentar a crise do Coronavírus, 67% é a favor da forma como está sendo feito o isolamento, o que culmina numa aprovação de 74,2% – dados sólidos que mostram uma coesão interna nas respostas dos entrevistados.
Por fim, lembremos que pesquisas são retratos de um momento; nesse caso, representa o cenário dos dias 9 e 10 de julho. Até às eleições em novembro, teremos um longo caminho a percorrer e, no meio de tantas dúvidas, uma certeza que temos é que não existe ainda qualquer cenário consolidado.