Decisão da Justiça pode demitir 2 mil neste fim de ano no Paraná

Fala, Marc!

por Marc Sousa
Publicado em 3 dez 2020, às 21h27. Atualizado às 23h39.

Uma decisão da Justiça Federal cassou as licenças ambientais de uma das obras em andamento mais importantes do Paraná. A juíza Silvia Regina Brollo, da 11ª. Vara Federal de Curitiba, aceitou o pedido de Organizações Não Governamentais (ONGs) e do Ministério Público (MP) para paralisar a construção do Sistema de Transmissão Gralha Azul, que pretende interligar a hidrelétrica de Itaipu as regiões Centro-sul e dos Campos Gerais do estado. Ambientalistas e promotores alegam que o caminho percorrido pela linha pode destruir a natureza. Com os canteiros parados, a Engie Brasil Energia, responsável pelo projeto, diz que as demissões na véspera do Natal serão inevitáveis.

diretor de projeto da Linha Gralha Azul, Márcio Neves, diz que só neste mês poderão ser desligadas 2 mil pessoas. “Esta semana infelizmente estaremos demitindo de 500 a 600 pessoas”, lamenta. Ele ainda alerta que a situação pode piorar. “Caso tenhamos uma segunda liminar, que paralisasse totalmente as obras, este número chegaria a 5 mil empregos diretos. Envolvendo os indiretos poderíamos chegar a 15 mil pessoas”. O receio é porque em outro processo que está sendo analisado pela Justiça Federal, o MP pede a suspensão total do projeto.

A Engie Brasil Energia, que ganhou a licitação e toca a obra, contava com as licenças ambientais do Instituto Água e Terra, do Governo do Paraná, e já levantou quase metade das torres previstas. Agora, o pedido é que o estudos de impacto sejam refeitos e que o IBAMA também participe da discussão. A companhia teve as atividades do projeto parcialmente paralisadas a partir de 05 de outubro e manteve o quanto pôde os postos de trabalho acreditando em uma reversão da decisão liminar, mas com a nova decisão já deve iniciar as dispensas nos próximos dias.

Orçado em mais de R$ 2 bilhões, o Sistema deve usar torres de 80 metros. Com os fios mais altos, a promessa é que muitas árvores serão preservadas. Também serão usados drones para instalar os cabos, o que evitaria o desmatamento. A Engie diz que ao longo dos últimos dois anos fez audiências públicas para discutir tudo, e que o processo de licenciamento contou com mais de oitenta pesquisas de impacto ao meio ambiente.

Além da geração de empregos, especialistas dizem que a obra pode evitar apagões no futuro. A empresa vai recorrer da decisão.