Decisão da Justiça pode demitir 2 mil neste fim de ano no Paraná
Uma decisão da Justiça Federal cassou as licenças ambientais de uma das obras em andamento mais importantes do Paraná. A juíza Silvia Regina Brollo, da 11ª. Vara Federal de Curitiba, aceitou o pedido de Organizações Não Governamentais (ONGs) e do Ministério Público (MP) para paralisar a construção do Sistema de Transmissão Gralha Azul, que pretende interligar a hidrelétrica de Itaipu as regiões Centro-sul e dos Campos Gerais do estado. Ambientalistas e promotores alegam que o caminho percorrido pela linha pode destruir a natureza. Com os canteiros parados, a Engie Brasil Energia, responsável pelo projeto, diz que as demissões na véspera do Natal serão inevitáveis.
O diretor de projeto da Linha Gralha Azul, Márcio Neves, diz que só neste mês poderão ser desligadas 2 mil pessoas. “Esta semana infelizmente estaremos demitindo de 500 a 600 pessoas”, lamenta. Ele ainda alerta que a situação pode piorar. “Caso tenhamos uma segunda liminar, que paralisasse totalmente as obras, este número chegaria a 5 mil empregos diretos. Envolvendo os indiretos poderíamos chegar a 15 mil pessoas”. O receio é porque em outro processo que está sendo analisado pela Justiça Federal, o MP pede a suspensão total do projeto.
A Engie Brasil Energia, que ganhou a licitação e toca a obra, contava com as licenças ambientais do Instituto Água e Terra, do Governo do Paraná, e já levantou quase metade das torres previstas. Agora, o pedido é que o estudos de impacto sejam refeitos e que o IBAMA também participe da discussão. A companhia teve as atividades do projeto parcialmente paralisadas a partir de 05 de outubro e manteve o quanto pôde os postos de trabalho acreditando em uma reversão da decisão liminar, mas com a nova decisão já deve iniciar as dispensas nos próximos dias.
Orçado em mais de R$ 2 bilhões, o Sistema deve usar torres de 80 metros. Com os fios mais altos, a promessa é que muitas árvores serão preservadas. Também serão usados drones para instalar os cabos, o que evitaria o desmatamento. A Engie diz que ao longo dos últimos dois anos fez audiências públicas para discutir tudo, e que o processo de licenciamento contou com mais de oitenta pesquisas de impacto ao meio ambiente.
Além da geração de empregos, especialistas dizem que a obra pode evitar apagões no futuro. A empresa vai recorrer da decisão.