Deltan Dallagnol comenta decisão de Fachin de anular condenações de Lula: “Embora eu discorde, respeito”
Em sua primeira entrevista após o fim da Lava Jato em Curitiba, o ex-chefe de operações, Deltan Dallagnol, comentou nesta sexta-feira (19) sobre a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversa exclusiva com o jornalista Marc Sousa, do Grupo RIC, Dallagnol declarou que discorda da decisão, apesar de respeitar muito o trabalho do ministro.
“O ministro Fachin é uma pessoa extremamente correta, honesta. Que sempre fez um trabalho muito firme contra a corrupção. Neste caso (Lula), ele aplicou um entendimento que não é dele, em que ele fica vencido. Na turma que ele julga os casos, que é 2ª turma do Supremo Tribunal Federal, essa turma ao longo dos anos foi restringindo o âmbito de atuação da Justiça Federal no Paraná com relação aos crimes que aconteceram e lesaram a Petrobras”,
comentou Dallagnol.
A decisão de anular as condenações de Lula ocorreu no dia 8 de março, pouco mais de um mês após a extinção da Lava Jato em Curitiba. De acordo com a decisão anunciada por Fachin, a vara em Curitiba não tinha competência para julgar os processos e anulou todas as decisões proferidas nos casos do tríplex do Guarujá, do sítio em Atibaia, da compra de uma sede para o Instituto Lula e das doações feitas ao instituto do ex-presidente.
Lula havia sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos envolvendo o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia. Ambas investigadas dentro da operação Lava Jato.
Segundo Dalagnol, a 2ª turma do STF defende que a Justiça deve atuar em menos casos, e com isso, para ser imparcial, Fachin teve que decidir por anular os casos do ex-presidente. “Eu discordo desse entendimento […] Entendo que os crimes foram cometido”, disse o procurador da república.
Apesar de não concordar com a decisão, Dallagnol não deixou de elogiar o trabalho do ministro Fachin.
“Embora eu discorde, eu respeito o trabalho do ministro, que é muito sério”,
finalizou Dallagnol sobre o assunto.