Deputados do PT tentam reabrir denúncia arquivada por falta de provas contra amigo de Moro
Deputados do PT estão tentando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) desarquive representações feitas em 2018 contra o advogado Carlos Zucolotto, amigo do ex-juiz Sérgio Moro. À época, o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, arquivou denúncias feitas pelo doleiro Rodrigo Tacla Duran, que acusou Zucolotto de ter pedido US$ 5 milhões para facilitar um acordo com a Lava Jato.
No documento que arquivou o caso, o vice-procurador-geral é enfático. “Nada comprova negociação espúria entre os representados e Rodrigo Tacla Duran, por intermédio de seu advogado, muito menos com participação do advogado Carlos Zucolotto Júnior.”, destacou.
Os então procuradores da Lava Jato, Roberson Pozzobon e Júlio Noronha, foram ouvidos no caso e afirmaram que Tacla Duran mentiu várias vezes no processo de negociação de delação premiada, e, por isso, a negociação foi encerrada.
Eles relataram que no dia agendado para assinar a minuta do acordo, em 30 de maio de 2017, apenas o advogado de Duran apareceu, alegando que o cliente “ainda permanecia do exterior sob o falso pretexto de busca de provas”, conforme relato oficial de Pozzobon e Noronha à PGR.
Os procuradores também contaram que Duran mentiu ao dizer que possuía US$ 15 milhões recebidos da Odebrecht em Andorra, principado independente situado entre a França e a Espanha. O dinheiro, segundo eles, na verdade estava em Singapura, na Malásia. Diante desses fatos a negociação com Duran foi encerrada. Porém, o doleiro alega que não fechou acordo de delação porque foi coagido a pagar propina.
Pozzobon e Noronha ainda refutaram as “provas” apresentadas por Duran da suposta negociação com Zucolotto. “Verifica-se, ademais, que as supostas ‘evidências’ apresentadas pelo foragido da Justiça Rodrigo Tacla Duran sobre sua suposta interação com Zucolloto são apenas, ‘prints’ de tela de celular de conversa sua, por meio do aplicativo Wickr, com usuário que ele sustenta ser Zucolloto. Contudo, nem sequer é isso é possível confirmar a partir dos ‘prints’ de tela de celular apresentados por Rodrigo Tacla Duran.
Não há como afirmar que o usuário Zucolotto foi criado e era de fato utilizado pelo advogado Carlos Zucolloto Júnior, pois para a criação de um usuario o aplicativo Wickr (ferramenta de comunicação usada para conversas criptografadas e com programação de autodestruição) não exige confirmação de identidade, nem sequer telefone de celular ou e-mail.
Qualquer um pode, nele, criar uma conversa fictícia entre quaisquer duas pessoas, fictícias ou reais, e forjar seu conteúdo. Assim, carece de qualquer garantia de credibilidade a atribuição de titularidade de usuario de conta do Wickr por mera mensagem de foto de celular em que retratadas imagens de conversas realizadas a partir do aplicativo.”, destacaram os procuradores em depoimentos à PGR trazidos no documento de arquivamento do caso.
No mesmo documento, há trechos dos depoimentos em que os procuradores lembraram que o “programa de troca de mensagem [Wickr] , não deixa rastros, é muito conveniente para fazer falsas acusações e forjar conversas, sem amparo de qualquer dado ou prova que tenha o mínimo de credibilidade, é bastante suspeito, ainda mais vindo de criminoso contra a qual pesam evidências consistentes de lavagem de centenas de milhões de dólares em propinas.”
Diante disso, o vice-procurador-geral determinou o arquivamento do caso, que, agora, três anos e meio depois, o PT tenta reabrir às vésperas do período eleitoral.