Documento interceptado pela PF indica pagamentos do PCC ao site Intercept
Documentos interceptados pela Polícia Federal (PF) indicam pagamentos do Primeiro Comando da Capital, PCC, ao “The Intercept Brasil”. Em um relatório do Grupo Especial de Investigações Sensíveis, assinado pelo delegado Martin Purper, foi anexado uma espécie de prestação de contas entre os criminosos. Nesse documento o site, que ficou famoso com a publicação da mensagens hackeadas de procuradores e juízes da Operação Lava Jato, é mencionado.
“Jamais nos foi solicitado relatório dos destinos de despesas, mas para que fique claro, iremos elencar algumas delas”, diz um trecho do documento, que traz a data de 24 de agosto de 2022 e, segundo a PF, foi escrito pelos criminosos.
Segue-se então uma série de indicações de gastos com advogados, viagens, encontros com deputados, prefeitos e até ex-promotores. Chama atenção ainda itens como “Projeto M – Parte I e II” e a indicação de pagamentos ao “The Intercept Brasil”.
As informações foram apresentadas pela PF como indícios para pedir a prisão de onze pessoas que seriam ligadas ao PCC. A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, autorizou as prisões. Nove integrantes da facção foram detidos na última quarta-feira, 21, na primeira fase da Operação Sequaz, que investiga planos do PCC para sequestrar e matar políticos, promotores e agentes públicos. O senador Sergio Moro (UB) e a família dele eram os principal alvos. Duas pessoas seguem foragidas.
The Intercept Brasil
Em resposta a coluna, os responsáveis pelo The Intercept Brasil negaram qualquer recebimento de valor de integrantes do PCC. Confira a nota na íntegra:
“O Intercept Brasil não recebeu dinheiro do PCC. Esta é uma ilação falsa, que não encontra nenhum respaldo na realidade. O documento apresentado sequer aponta quem teria doado ou quanto.
O Intercept recebe contribuições de mais 40 mil pessoas físicas, via a página ajude.intercept.com.br. As contribuições têm valor médio de 40 reais. Todos os nomes mencionados no referido documento foram checados em nossa base de doadores e não foram encontrados.
Contribuições de valores maiores são examinadas previamente e, caso sejam consideradas incompatíveis com a nossa missão, são recusadas.
Apesar de não haver menção ao nome da pessoa que supostamente escreveu tal relatório, é importante frisar que há no mesmo documento, imediatamente após a referência ao Intercept Brasil, itens relacionados a assinaturas de revistas nacionais e internacionais.
Portanto, dizer que o PCC financiou o Intercept é tão errado quanto dizer que o PCC financia a Jovem Pan ou qualquer outro veículo porque um de seus integrantes comprou uma assinatura ou clicou no anúncio de um dos vídeos do canal.”