Eduardo Requião é indiciado por lavagem e ocultação de dinheiro
Segundo a investigação, o ex-superintendente montou uma organização criminosa com outras pessoas influentes, como o empresário Valmor Felipetto
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, por lavagem transnacional de valores, ocultação de dinheiro e associação criminosa. Além de Eduardo, que é irmão do ex-governador Roberto Requião, outras nove pessoas foram indiciadas com base na Operação Serendipitia, que ocorreu em maio deste ano.
A coluna teve acesso à íntegra do relatório. Thiago Duarte de Mello e Silva e Thobias Duarte de Mello e Silva, que são filhos de Eduardo Requião, e a esposa do ex-superintendente, Ana Helena Mothe da Silva Duarte também foram indiciados.
Segundo a investigação, o ex-superintendente, que chefiou o Porto de Paranaguá de 2003 a 2008, montou uma organização criminosa com outras pessoas influentes, como o empresário Valmor Felipetto, para lavar dinheiro no exterior. Em uma das operações, o grupo teria desviado um total de R$ 6.695.090 em valores atualizados.
- Leia mais: Empresas e imóveis no exterior: o patrimônio milionário da família Requião nos Estados Unidos
A investigação foi iniciada a partir de desdobramento da Operação Daemon, deflagrada em julho de 2021, que apurou, segundo a PF, “complexa organização criminosa instalada em Curitiba voltada à prática delituosa por meio de expedientes fraudulentos no mercado de criptomoedas, resultante em milhares de vítimas em território nacional”.
Com o avanço das investigações envolvendo Bitcoins, as autoridades chegaram a repasses de Valmor Felipetto e só então, com as quebras de sigilos, conseguiram envolver Eduardo Requião e seus familiares.
Com a autorização para acessar as contas bancárias e as conversas nos celulares, a Polícia Federal encontrou troca de mensagens entre Valmor e Thiago Requião na data de 10/01/2020 nas quais o filho de Eduardo Requião repassa ao empresário os dados bancários de conta corrente do Banco Wells Fargo Bank, em São Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos.
Em outro trecho do relatório, um áudio entre Tiago e Valmor é transcrito:
“Bom dia, Thiago! Eu tive com ele lá ontem de tarde, lá no hotel mesmo, ele está lá…
Então, foi rápido, mas de máscara, ele de máscara… Para a gente não ter problema…
Bom, eu acho que a conclusão minha até agora é…
Tanto a ordem de 200 quanto a ordem de 100, é mentira…
Porque… Eu nem ia te falar, mas ele insistiu naquela conversa de que a ordem foi e voltou, porque o banco rejeitou… É mentira, a gente sabe disso…
Mas daí ontem ele tava negociando… Teve um cara que mandou uma vez… A primeira ordem de 102… Que eu perdi o contato com o cara… E ele vendeu os bitcoins para o cara…
Enfim… Não adianta a gente esticar muito agora… Então, eu não vou descer amanhã, vou ficar aqui em Curitiba, e quando é onze horas eu vou estar lá com ele e espero que depois disso eu vou poder te dizer alguma coisa…
Beleza, homem! Um abraço por enquanto! Tchau, tchau.”
A Polícia Federal também anexou comprovantes de pagamentos destinados a pessoas próximas a Eduardo Requião, como a sua esposa Ana Helena Mothe da Silva Duarte.
O delegado pede ainda que os bens recolhidos na operação Serendipitia passem a ser avaliados e que possam ser incluídos como pagamento das multas aplicadas aos acusados. Eduardo Requião teve uma multa prevista em R$ 9.777.951,17; Valmor Felipetto de R$ 10.358.162,27/ Ana Helena Duarte de R$ 3.082.861,10; Thiago Duarte R$ 3.082.861,10 e Thobias Duarte de R$ 3.082.861,10.
A coluna não conseguiu contato com Eduardo Requião e seus familiares.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui