Em meio a atritos no PT, Gleisi Hoffmann pode acabar no TCU em 2026

Cada vez mais questionada dentro do partido, deputada pode ganhar como "prêmio de consolação" indicação ao Tribunal de Contas da União como parte de acordo político

Fala, Marc!

por Marc Sousa
Publicado em 4 nov 2024, às 20h15. Atualizado às 20h18.

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), pode acabar com uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) em 2026. O famoso “cair pra cima” seria um meio que caciques da legenda teriam encontrado para acomodar a petista, um nome histórico que hoje enfrenta resistência interna e é apontada como culpada pelo péssimo desempenho da legenda. O presidente da Câmara, Arthur Lira, confirmou que a indicação de um nome do PT para o TCU faz parte de um acordo para que o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) assuma a presidência da Casa.

Em meio a atritos no PT, Gleisi Hoffmann pode acabar no TCU em 2026
Gleisi é apontada internamente como culpada pelo péssimo desempenho do PT nas eleições (Foto: Alessandro Dantas / PT)

O líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), também confirmou que a promessa de uma cadeira no TCU para o partido integra o pacote de apoio à candidatura de Motta. O acordo beneficiaria Hoffmann, que deixará o comando do PT no próximo ano após críticas internas à sua atuação durante as eleições deste ano.

A vaga no TCU ficará disponível em fevereiro de 2026, com a aposentadoria compulsória do atual ministro Aroldo Cedraz, que completará 75 anos. A ocupação das vagas é definida por indicações alternadas entre Câmara, Senado e Presidência da República, com aprovação do Congresso. Ao aceitar que o próximo indicado ao tribunal seja um nome do PT, dirigentes do partido apontaram que Hoffmann, deputada pelo Paraná, é a principal interessada na nomeação.

A possível nomeação da parlamentar também atende aos interesses do PT, ao reconhecer seu papel histórico dentro do partido e, ao mesmo tempo, reduzir sua influência na executiva nacional. Fontes internas do PT indicam que o movimento é uma solução para a recente insatisfação gerada por sua gestão, abrindo espaço para novas lideranças na legenda.

Históricos acordos políticos envolvendo o TCU não são inéditos. Na primeira eleição de Arthur Lira à presidência da Câmara, a vaga de ministro no tribunal também entrou nas negociações e foi preenchida pelo ministro Jhonatan de Jesus, em uma articulação liderada pelo presidente do Republicanos, Marcos Pereira.

A assessoria de Gleisi Hoffmann não comentou sobre a possível indicação ao TCU.