Delegado que matou esposa e enteada recebeu R$ 1,3 milhão enquanto está preso

O último salário recebido pelo delegado foi de R$ 28.693,94. Mesmo preso, ele segue recebendo férias e 13º salário

Panorama Político

por Brayan Valêncio
com informações de Pedro Neto, da RICtv
Publicado em 4 out 2024, às 14h42. Atualizado às 16h16.

O delegado Erick Busetti, que está preso há quatro anos por ter matado a esposa e a enteada, já faturou R$ 1,3 milhão em salário desde foi encaminhado ao sistema carcerário. As informações constam no Portal da Transparência do Governo do Paraná.

O delegado Erik Busetti foi condenado a 38 anos de prisão em julho (Foto: Divulgação/ PCPR)
O delegado Erik Busetti foi condenado a 38 anos de prisão em julho (Foto: Divulgação/ PCPR)

Em apuração exclusiva do jornalista Pedro Neto, da RICtv, foi revelado que, mesmo preso, Erick Busetti recebeu seus salários rigorosamente em dia nos últimos quatro anos.

O total pago ao delegado, que foi condenado a 38 anos de prisão por feminicídio, ultrapassa R$ 1 milhão. Por lei, o processo administrativo aberto contra ele, na época dos fatos, deveria ser concluído em 120 dias, mas já são quatro anos e o processo não foi finalizado.

De acordo com dados do Portal da Transparência, o último salário recebido pelo delegado Erick foi de R$ 28.693,94. E, no mês de dezembro, o delegado irá receber seu quarto 13º salário desde que está preso.

Neste ano, somados o salário, mais o décimo serão quase R$ 60 mil que Erick Bussetti receberá.

Policiais presos também seguem recebendo salários

Outro delegado na mesma situação é Tiago José Wladyka. Ele está preso desde o dia 13 de agosto deste ano, acusado de roubar uma carga de cocaína avaliada em R$ 2 milhões de uma facção criminosa. De acordo com o Portal da Transparência, o salário do delegado é de R$ 28.693,94. Tiago Wladyka vai receber, em dezembro, quase R$ 60 mil em salário e 13º, mesmo sem trabalhar.

O delegado Tiago José Wladyka também está preso e segue recebendo salário (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
O delegado Tiago José Wladyka também está preso e segue recebendo salário (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Em situação financeira igualmente confortável estão os policiais civis José Paulo Pinheiro e Fernando Gonçalves, presos na mesma operação que colocou o delegado Wladyka na cadeia. Pinheiro tem um salário de R$ 8.866,34. Em dezembro ele receberá mais de R$ 20 mil se somados salário, férias e 13º, segundo dados do Portal da Transparência.

Já Fernando Gonçalves, mesmo preso e recebendo um salário de R$ 10.916,33 mensais, aguarda a chegada do período natalino para receber mais de R$ 20 mil.

Quem é responsável por instaurar os processos administrativos é a Corregedoria da Polícia Civil do Paraná.

Entenda como funciona procedimentos administrativos

No órgão, delegados internos são responsáveis por receber as denúncias de desvios de condutas e crimes cometidos por policiais, assim como questões disciplinares, e então investigam os casos para apresentar decisão no processo.

De acordo com a PCPR os procedimentos administrativos disciplinares, voltados à apuração de ilícitos da mesma ordem, praticados por servidores policiais civis, são regidos pela Lei Complementar nº 14/82, com suas posteriores alterações que constam no Estatuto da Polícia Civil do Paraná.

No caso do Procedimento Administrativo Disciplinar instaurado visando apurar transgressão praticada por delegado de polícia, um outro delegado, de superior ou igual nível hierárquico, conduzirá as investigações, considerando os conceitos administrativos do cargo e função.

O processo administrativo da PCPR está dividido em três partes:

  1. Investigação Preliminar;
  2. Sindicância; e
  3. Processo Disciplinar.

Polícia Civil divulga nota

Para o advogado André Romero, que faz a defesa de policiais justamente nos processos administrativos, as investigações são independentes, ou seja, elas cumprem suas etapas independente do processo criminal. 

Procurada, a defesa do delegado Erick Busetti explicou que o cargo e salários seguem mantidos porque não há uma conclusão da investigação interna.

O grupo RIC questionou a Polícia Civil do Paraná (PCPR) sobre os pagamentos. Por meio da assessoria de imprensa da instituição, foi emitido uma nota. Leia na íntegra:

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) reitera seu compromisso com a transparência e a firmeza no combate a desvios de conduta dentro da instituição. Em relação ao delegado condenado pela Justiça, o Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) ficou suspenso por decisão judicial, o que atrasou sua conclusão. Com a conclusão do processo criminal em julho deste ano, o procedimento foi retomado e, no dia 21 de agosto de 2024, encaminhado ao Conselho da Polícia Civil. O julgamento está marcado para a próxima segunda-feira (7), cumprindo rigorosamente os prazos legais.

Outros Procedimentos Administrativos Disciplinares, contra os demais servidores mencionados pela reportagem, também foram instaurados e encontram-se em fase de instrução, seguindo o rito disciplinar estabelecido. A PCPR atua com rigor para garantir que qualquer desvio de conduta seja investigado e punido com a devida seriedade, respeitando o devido processo legal e assegurando o contraditório e a ampla defesa, conforme a Constituição.

A PCPR reforça seu compromisso com a integridade institucional e com a confiança da sociedade, tomando todas as medidas necessárias para garantir a justiça e a responsabilidade dentro de seus quadros.

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