Ex-servidor é investigado por intermediar propina a vereadores: "Sem um 'negocinho' a mais, eles não vivem"
O Ministério Público investiga uma denúncia de corrupção na Câmara dos Vereadores de Umuarama, noroeste do Paraná. Áudios apontam um possível pagamento de propina feito aos vereadores por um empresário da cidade, em troca da aprovação de um projeto que cria um loteamento na cidade. O esquema seria intermediado por um ex-vereador e ex-servidor municipal.
Os áudios seriam de uma conversa entre o empresário e o intermediário, Valdecir Pascoal Mulato, conhecido na cidade como Pai Herói, e teriam sido gravados em um estabelecimento de Umuarama. Nos áudios, o empresário estaria pedindo ajuda para que o projeto fosse colocado em votação e aprovado pelos vereadores.
- Leia também: “Matei mesmo, matei com gosto”, disse, em áudio, rapaz que esfaqueou namorada do pai em Maringá
Em determinado ponto da conversa, o então servidor é questionado pelo empresário sobre o que os vereadores estariam querendo. “Eu falei para eles: se desse um [lote] para eles dividirem, eu acho que é bom demais. Mas vão pedir mais”, teria dito Pai Herói.
“Mas eu tenho 22 terrenos, bicho! (…) Os caras vão querer mais de um terreno, você acha?”, reclama o empresário. Ao que Pai Herói teria replicado:
“Vão pedir, você vai ver. Eles pedem, sabe por que? Porque eles ganham 4 ‘conto’ por mês. Se eles não tiverem um ‘negocinho’ a mais, eles não vivem. Eu sei porque eu estive lá dentro”
O empresário então parece concordar. “Não, eu entendo. Se é assim que funciona, é assim que tem que fazer”, diz. O ex-servidor municipal, que ocupava um cargo comissionado, foi exonerado após a divulgação do suposto esquema de corrupção.
O projeto em questão, de autoria do Executivo, foi encaminhado à Câmara dos Vereadores no dia 30 de março. O texto altera o zoneamento em uma área de Umuarama, favorecendo a criação do loteamento.
A reportagem entrou em contato com o ex-vereador Pai Herói. Ele afirmou que não foi notificado ou intimado e que, por isso, não irá se manifestar no momento. O ex-vereador também disse que não ouviu os áudios vazados e que, por isso, não confirma nem desmente que é a voz dele nas gravações.