Governador de Nova York renuncia após revelações de assédio sexual
Por Jonathan Allen
NOVA YORK (Reuters) – O governador de Nova York, Andrew Cuomo, renunciou nesta terça-feira após uma investigação que revelou que ele assediou sexualmente 11 mulheres, sucumbindo a pressões judiciais e pedidos do presidente Joe Biden e de outros para deixar o cargo.
Em um discurso televisionado de 20 minutos, Cuomo, de 63 anos, informou que sua renúncia entrará em vigor em 14 dias, em uma queda surpreendente para um homem que era visto como um possível candidato à Presidência dos Estados Unidos.
Cuomo, um democrata que servia desde 2011 como governador do quarto Estado mais populoso dos Estados Unidos, fez o anúncio uma semana depois que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, divulgou os resultados de uma investigação independente de cinco meses que concluiu que ele havia se envolvido em conduta que violou leis federais e estaduais.
Cuomo mais uma vez negou qualquer irregularidade, embora tenha dito que assume “total responsabilidade” por ofender as mulheres por meio do que ele caracterizou como tentativas mal concebidas de ser afetuoso ou bem-humorado.
Ele disse que concluiu que lutar contra as acusações enquanto permanece no cargo paralisaria o governo estadual e custaria aos contribuintes milhões de dólares, em um momento em que a pandemia do coronavírus ainda representa uma grande ameaça.
“Acho que, dadas as circunstâncias, a melhor maneira de ajudar agora é me afastar e deixar o governo voltar ao comando — e, portanto, é isso que farei”, disse.
A investigação, detalhada em um relatório de 168 páginas, concluiu que Cuomo apalpou, beijou ou fez comentários sugestivos para mulheres, incluindo atuais e ex-funcionárias do governo –uma delas policial estadual– e retaliou pelo menos uma mulher que o acusou de má conduta sexual.
A vice-governadora Kathy Hochul, de 62 anos, uma democrata do oeste de Nova York, assumirá como governadora do Estado de mais de 19 milhões de pessoas até o final do mandato de Cuomo em dezembro de 2022, conforme definido na Constituição estadual, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.
A renúncia de Cuomo marca a segunda vez em 13 anos que um governador de Nova York renuncia após um escândalo –em 2008 foi Eliot Spitzer que deixou o cargo por envolvimento com prostitutas. Cuomo também se tornou o mais recente homem poderoso derrubado após a ascensão do movimento social #MeToo contra o abuso e assédio sexual que abalou a política, Hollywood, o mundo dos negócios e os locais de trabalho.
Sua renúncia poupou Cuomo de uma possível destituição do cargo por meio de um processo de impeachment na Assembleia estadual controlada pelos democratas, o que parecia muito provável, já que os parlamentares o abandonaram em massa.
(Reportagem de Jonathan Allen e Joseph Axe)