Lula lança pré-candidatura em busca de frente contra Bolsonaro
Depois de vários adiamentos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança neste sábado (7) sua pré-candidatura à Presidência em um evento planejado para exibir ao Brasil a aliança costurada pelo ex-presidente e um Lula focado nos problemas do país.
Enxuto, o programa deve se concentrar em apenas dois discursos, de Lula e do companheiro de chapa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). O ex-tucano, no entanto, não estará presente e participará por meio de um vídeo, depois de ter sido diagnosticado na última hora com Covid-19.
O palco do evento trará não apenas a imagem de uma aliança que reúne sete partidos — além do PT e do PSB, estão na coligação PV, PCdoB, PSOL, Rede e Solidariedade —, mas também aliados de outros partidos, como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA).
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Também devem estar presentes artistas, intelectuais e representantes de movimentos sociais que apoiam a candidatura do ex-presidente.
Mais do que discursos, o que interessa à candidatura é a imagem.
“Nunca tivemos uma aliança tão significativa no primeiro turno. Algumas pessoas dizem que já era o nosso público, mas não é verdade. Metade já estava com a gente, mas metade está chegando agora”,
disse uma fonte do comando da campanha.
De fato, apesar da aliança formal concentrar predominantemente partidos de esquerda e centro-esquerda, esta será a primeira vez que o PSOL, por exemplo, apoia o PT no primeiro turno. O PSB, que tem Alckmin na chapa, em várias eleições teve candidato próprio a presidente e, em 2018, parte do partido chegou a flertar com o bolsonarismo.
Mesmo entre as centrais sindicais, algumas, como a Força Sindical e a União Geral de Trabalhadores (UGT), eram alinhadas a outras forças políticas.
Apesar de não ter conseguido ainda aglutinar o menos no primeiro turno — partidos vistos como de centro ou centro-direita, como o MDB e o PSD, a foto com parlamentares e governadores passa o sinal que Lula quer dar, o de um movimento pela democracia e para “resgatar” o Brasil, reunido em torno de sua candidatura.
Em seu discurso, Lula vai trazer também essa ideia de união e concentrar sua fala nos problemas do país — inflação, carestia, fome, desemprego, ameaças à democracia —, na linha do que ele tem dito nos últimos meses, mas exaltando a necessidade de uma frente democrática para enfrentar Bolsonaro.
E se colocar como candidato, oficialmente, pela primeira vez, “à disposição do Brasil, para virar essa página da história”, de acordo com uma segunda fonte ouvida pela Reuters.
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“Lula considera que, depois do discurso que ele fez depois de deixar a cadeia, é o mais importante que ele fará nos últimos anos”, disse uma outra fonte, esta também do comando da campanha.
A expectativa do PT é que o evento, batizado de “Vamos Juntos pelo Brasil” — já que, de acordo com a lei eleitoral, não pode haver lançamento de pré-candidatura — reúna cerca de 4 mil pessoas em um centro de convenções na zona norte de São Paulo.
Caravanas de outros Estados começaram a chegar ao longo dessa semana, incluindo pessoas ligadas a movimentos sociais.
A previsão de que virá mais gente que o esperado inicialmente levou o partido a mudar o evento de local. O primeiro comportava apenas 2,5 mil pessoas.
SÃO PAULO (Reuters) – Por Lisandra Paraguassu