Lula vota em SP e lembra que não pôde votar em 2018 por estar preso

Publicado em 2 out 2022, às 09h42. Atualizado às 10h09.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votou na manhã deste domingo (2) em uma escola de São Bernardo do Campo (SP) numa eleição que descreveu como a mais importante de sua vida, e lembrou que não pôde votar em 2018 porque estava preso.

“É um dia mais do que importante para mim, não poderia deixar de dizer que quatro anos atrás eu não pude votar porque tinha sido vítima de uma mentira nesse país”, disse Lula a jornalistas após registrar seu voto.

Lula passou 580 dias preso entre abril de 2018 e novembro de 2019, condenado por corrupção no âmbito da operação Lava Jato, mas agora não deve nada à Justiça, uma vez que suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu estava detido na PF exatamente no dia da eleição. Quatro anos depois estou aqui votando com o reconhecimento da minha total liberdade e com a possibilidade de voltar a ser presidente da República para tentar fazer o país voltar à normalidade”, acrescentou.

A prisão também impediu o petista de concorrer à Presidência naquele ano, quando o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição, derrotou Fernando Haddad (PT) no segundo turno para chegar ao Palácio do Planalto.

Lula chegou à escola onde vota por volta das 8h40 (horário de Brasília) e votou rapidamente. Quanto entrou na sessão, um eleitor, apoiador do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), disse aos mesários que deveriam “desinfetar a urna” depois de Lula votar. Os agentes da Polícia Federal que fazem a segurança do ex-presidente pediram para que o eleitor se retirasse. Ele terminou de votar rapidamente e deixou a sala.

Do lado de fora da escola, apoiadores saudaram Lula na hora que ele chegou e também quando deixou a escola.

Lula chegou para votar acompanhado de sua mulher, Rosângela da Silva, do candidato a vice, Geraldo Alckmin, o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT), o candidato ao Senado, Márcio França (PSB), e suas esposas, além da presidente do PT, Gleisi Hoffman, e assessores.

Ao final, em conversa com a imprensa, ao ser perguntado como lidaria com o bolsonarismo, no caso de ser eleito, Lula afirmou acreditar que a maioria das pessoas quer de volta a paz.

“Eu penso que os bolsonaristas mais fanáticos terão que se adequar à maioria da sociedade, que quer paz. A maioria das pessoas quer viver em paz. Aqueles que não quiserem, problema deles. Eu acho que será fácil restabelecer a democracia”, afirmou.

Seis pesquisas de intenção de voto divulgadas no sábado mostraram que Lula tem alguma chance de liquidar a disputa neste domingo.

Entre elas, o Ipec registrou Lula com 51% dos votos válidos –que excluem os brancos e nulos, e também os indecisos da pesquisa– e o Datafolha colocou o petista com 50%. Para vencer na primeira rodada de votação, um candidato precisa ter a metade mais um dos votos válidos. Em ambas as pesquisas a margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Os dois levantamentos colocam Bolsonaro em segundo lugar, com 37% no Ipec e 36% no Datafolha.

Lula irá acompanhar a apuração em um hotel na região central de São Paulo e já avisou que, vencendo ou não no primeiro turno, irá para a Avenida Paulista comemorar com seus eleitores.

Por Lisandra Paraguassu

(Edição de Pedro Fonseca)