Moro critica o termo '3ª via' e diz que Bolsonaro não tem projeto de país
O ex-juiz Sergio Moro participou nesta quinta-feira (2) de uma entrevista exclusiva no Jornal da Manhã Paraná, da Jovem Pan. Nos estúdios do Grupo RIC, o novo filiado do Podemos comentou sobre a pré-candidatura a presidência da república, os problemas do governo Bolsonaro, o lançamento de seu livro e temas polêmicos, como posse de arma e aborto.
No último mês, Moro assinou a filiação ao Podemos. Com as pesquisas apontando uma polarização entre Jair Bolsonaro e Lula, o ex-ministro declarou que não se considera uma terceira via.
“Eu odeio esse termo ‘terceira via’. Parece que o eleitor ou tem que escolher Bolsonaro ou Lula, daí eventualmente aparece alguém”, explicou.
Moro ainda declarou que o eleitor terá outras opções. Entre as alternativas, segundo ele, estará o projeto do Podemos, que deverá percorrer o Brasil para identificar problemas e corrigi-los durante a gestão.
“O eleitor ano que vem vai ter várias alternativas para escolher. Eu coloquei o meu projeto a frente, que é o projeto do Podemos. A ideia é termos um pacto político, construído com outros partidos, com diversos temas: retomada do crescimento, fomento do emprego, controle da inflação, responsabilidade fiscal, combate a corrupção e erradicação da pobreza. É difícil dizer qual é o mais importante. Dentro disso, nós queremos também ter um serviço público de qualidade para as pessoas”,
falou Moro.
Combate à corrupção
O combate à corrupção é apontado como uma das principais pautas de Sergio Moro.
“O eleitor deve se perguntar, se ele acha o combate à corrupção importante. Ele é importante, claro que temos vários outros temas, educação, saúde, segurança pública… mas o combate à corrupção é importante tanto para prevenir desvios, para sobrar mais recursos para essas finalidades, igualmente para que o país possa avançar. Se alguém me disser que existe algum país que se desenvolveu, que prosperou, baseando a governança em corrupção, eu pago 1 milhão de dólares”,
comentou Moro.
Sobre o tema, Moro aproveitou para comentar sobre os candidatos do PT e do PL, respectivamente, Lula e Bolsonaro. O ex-ministro declarou que será difícil de os políticos usarem o combate à corrupção como pauta das suas campanhas.
“Um teve o governo no qual os dois maiores escândalos de corrupção surgiram. Você vai imaginar que o candidato do PT vai defender o combate à corrupção? Não tem nem como ele falar sobre esse tema. Ele não tem legitimidade ou credibilidade para falar sobre esse tema”,
pontuou Moro.
Moro também citou Bolsonaro: “O próprio PL esteve envolvido no escândalo Mensalão, juntamente com o PT. De todo modo, é um governo que desmantelou o combate à corrupção. E se o governo atual tem alguma esperança de colocar esse tema de novo na pauta é só perguntar ao presidente da república: “você aprova a volta da execução em segunda instância?”, “você apoia o fim do foro privilegiado?”. Se ele apoia, porque ele não fala? […] Mas o eleitor pode ter certeza que vão ter pessoas que vão defender essa pauta, inclusive eu, está no meu DNA”.
As críticas ao governo de Bolsonaro foram também em relação ao modo de gestão. Moro revelou que o governo não possui plano de gestão e utiliza de “gambiarras” para tentar enganar o povo.
“Como o governo não tem o que fazer, ele fica mudando o nome das coisas (em relação a projetos sociais e programas). Ele vai tentando enganar as pessoas como se ele tivesse algum projeto, algum plano real. Mas no fundo você tem só jogadas de marketing. O país está afundando e o governo fica inventando esse tipo de gambiarra”,
declarou Moro.