Não é patriota quem destrói patrimônio público, diz Bruno Dantas

por Reuters
(Reportagem de Eduardo Simões, em São Paulo)
Publicado em 14 dez 2022, às 12h25. Atualizado em: 15 dez 2022 às 10h34.

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, criticou de forma velada em seu discurso de posse nesta quarta-feira (14), os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que protagonizaram episódios de violência em Brasília na segunda-feira (12), ao afirmar que não são patriotas aqueles que destroem o patrimônio público e privado.

Em cerimônia com as presenças do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, Dantas também fez uma defesa da transparência na administração pública.

“Não é patriota quem prega violência, quem destrói o patrimônio público ou privado, quem agride ou fere terceiros por diferenças ideológicas, quem se arma para derramar o sangue de seus patrícios”, discursou o novo presidente da corte de contas, antes de ser aplaudido. “Não é patriota quem drena a energia, a alegria e a paz de seu povo”, acrescentou.

Na segunda-feira (12), dia em que Lula e Alckmin foram diplomados pelo TSE, manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal, em Brasília, depredaram e incendiaram carros e ônibus e vandalizaram um posto de combustível, após o STF determinar a prisão de um indígena apoiador do presidente acusado de envolvimento em atos antidemocráticos.

Sentado ao lado de Lira na cerimônia, Dantas disse que a democracia não admite fatos secretos, em um momento em que o STF julga contestações à constitucionalidade do chamado orçamento secreto, que Lira prefere chamar de “orçamento municipalista” e defende com entusiasmo. O presidente do TCU é aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político de Lira em Alagoas.

“A transparência dos atos governamentais é exigência da democracia, que rejeita biombos, véus e escaninhos secretos na administração pública”, disse Dantas, em um comentário que também pode ser visto como uma crítica a decretos de sigilo de 100 anos sobre atos do governo feitos na gestão Bolsonaro.

Dantas também elogiou Moraes pelo discurso que fez na cerimônia de diplomação de Lula e Alckmin, no qual o presidente do TSE afirmou que aquela solenidade atesta a vitória da democracia e que os que promoveram discursos de ódio serão responsabilizados.

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