O desespero de Alvaro Dias
Do alto dos seus 77 anos, dos quais mais de 50 passou disputando eleições, o senador Alvaro Dias (PODE) enfrenta o que parece ser a pior disputa de sua carreira. Acuado, ele já procurou praticamente todos os grupos políticos do estado, mas, até agora, não conseguiu formar uma aliança viável com ninguém.
Apesar do presidente Jair Bolsonaro (PL) já ter descartado uma aliança com Dias, ele ainda sonha em ser o nome da chapa “Bolsonaro/Ratinho”. Em uma das últimas tentativas, envolveu uma parlamentar de São Paulo próxima a família Bolsonaro para defender seu nome. A ideia foi colocar que ele seria a única opção viável para derrotar seu antigo aliado, Sérgio Moro (UB). Não deu certo. Ouviu mais uma vez que o Palácio do Planalto aposta em Paulo Martins (PL).
Em outra frente, dirigentes nacionais do Podemos procuraram mais uma vez o União Brasil, tentando uma reconciliação com Moro. Chegaram a propor um sorteio para escolher quem seria o nome ao Senado em uma chapa. A ideia não prosperou. Chegou-se a ventilar, mais uma vez, uma proposta de aliança com Dias no Governo e Moro no Senado. A proposta foi rechaçada.
Houve batidas na porta do partido onde Dias nasceu, o MDB. Foi informado que Orlando Pessuti (MDB) é o nome por ali.
Alvaro seguiu com seu périplo por partidos menores. Convidou alguns para lhe acompanharem numa possível com ele governo. Até agora nada.
Restou procurar interlocutores de Roberto Requião (PT). Até agora, essa foi a conversa que mais prosperou. Nada acertado ainda, mas a porta teria ficado encostada. A federação PT, PCdoB e PV fez a convenção no último fim de semana e a ata ficou aberta, esperando um nome ao Senado. Os petistas aceitariam Dias em torno da estrela de Lula com o discurso de uma “frente popular ampla” contra o golpismo da Lava Jato de Sérgio Moro e conservadorismo reacionário de Paulo Martins.
Quem convive com Dias comenta que ele não sabe mais o que fazer. Está mais perdido de que no dia 30 de agosto de 1988, uma de suas piores lembranças. Nesta data, segundo a APP-Sindicato, o então governador teria sido mandante, do a entidade classifica, de um “massacre” de professores que pediam melhores condições de trabalho. Os educadores que tentavam uma audiência com ele foram recebidos com cavalos, cães e bombas de efeito moral. Na época, as imagens correram o Brasil e tiraram o sono dele. Agora o fantasma de ficar sem mandato lhe atormenta.