O poder das emoções no comportamento eleitoral: lições dos Filmes "Divertida Mente" 1 e 2

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por Jeulliano Pedroso
Publicado em 24 jun 2024, às 07h54.

Os filmes “Divertida Mente” 1 e 2, ao explorarem o complexo mundo das emoções humanas, podem fornecer valiosas lições sobre o comportamento político e eleitoral. Diversas escolas de pensamento na ciência política e sociologia, como a Escola Sociológica, a Teoria da Escolha Racional, a Escola Institucional e a Escola Cultural, buscam explicar as motivações por trás das escolhas dos eleitores. No entanto, é na Escola Psicológica ou Escola de Michigan que encontramos um ponto de conexão mais direto com os filmes.

A Escola de Michigan argumenta que a identidade do eleitor é profundamente influenciada por emoções e paixões, que não só ajudam a formar a identidade do grupo a que pertencem, mas também servem de atalhos para orientar suas escolhas políticas. Em outras palavras, as emoções desempenham um papel crucial na forma como os eleitores se comportam e justificam suas decisões.

No contexto dos filmes “Divertida Mente” vemos a personagem Riley passando por uma série de mudanças emocionais à medida que cresce. No primeiro filme emoções como alegria, nojo, tristeza, raiva e medo dominam sua vida, enquanto no segundo filme novas emoções como ansiedade, inveja, nostalgia, vergonha e tédio entram em cena. Essas emoções são reflexos de experiências e desafios complexos que ela enfrenta.

No mundo político as emoções são frequentemente mobilizadas para influenciar o comportamento dos eleitores. Grupos políticos utilizam emoções como nojo e raiva para criar divisões e identificar inimigos comuns. O discurso “nós contra eles” é uma tática poderosa para galvanizar apoio e criar um senso de pertencimento.

O medo também é uma emoção comum nos discursos políticos, frequentemente utilizado para atemorizar eleitores sobre as consequências de uma vitória do oponente. Já a alegria é mobilizada para gerar esperança e otimismo, muitas vezes associada a promessas de um futuro melhor. A ansiedade, por sua vez, reflete o desejo dos eleitores de entender e controlar o futuro, sendo explorada em promessas políticas.

A inveja pode ser utilizada ao apontar desigualdades e prometer melhorias, atraindo eleitores que desejam o que outros têm. A vergonha, menos explorada explicitamente, aparece quando eleitores ocultam suas verdadeiras intenções até o momento de votar, situação descrita na teoria da espiral do silêncio.

O tédio, especialmente no contexto das redes sociais, representa um desafio para os partidos políticos que buscam engajar eleitores cada vez mais desconectados e apáticos. A nostalgia, embora menos presente devido à juventude da personagem no filme, é um fator relevante ao apelar para memórias idealizadas do passado.

Diversos autores reforçam, cientificamente, o uso das emoções na manipulação das massas. Serge Tchakotine, em seu livro “A Mistificação das Massas pela Propaganda Política”, demonstra como as emoções são utilizadas para influenciar e mobilizar grupos sociais em diferentes contextos políticos. Da mesma forma, o professor Antônio Lavareda, em “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, discute a importância das emoções nas campanhas políticas e como elas são exploradas para conquistar e manter o apoio dos eleitores.

Por fim, uma lição importante dos filmes é a necessidade de encontrar o equilíbrio emocional. Emoções mal geridas podem levar a conflitos e crises, tanto na vida pessoal quanto na política. Portanto, compreender e utilizar as emoções de forma estratégica, em especial para candidatos e profissionais da política, é fundamental para construir um discurso político eficaz e engajar os eleitores de maneira significativa. Em resumo, “Divertida Mente” 1 e 2, para além de bons filmes de entretenimento, funcionam como excelentes metáforas sobre como as emoções moldam nossas vidas e decisões, inclusive no campo político. Compreender esse processo pode oferecer insights valiosos para quem trabalha com política e deseja entender melhor o comportamento eleitoral.