“O presidente precisa sofrer o julgamento de impeachment”, diz Doria pela 1ª vez

por Redação RIC.com.br
com informações da Reuters
Publicado em 7 set 2021, às 15h57. Atualizado às 16h01.

Nesta terça-feira (7), João Doria (PSDB) declarou, pela primeira vez, seu apoio ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido). Segundo o governador de São Paulo, o mandatário ultrapassou todos os limites ao “afrontar a Constituição” e “desafiar a democracia” durante as manifestações do Dia da Independência. O anúncio foi dado durante coletiva de imprensa. 

“O presidente precisa sofrer o julgamento de impeachment pelos equívocos, pelos erros e pelos afrontamentos à Democracia que pronunciou hoje, mais uma vez em Brasílio”,

disse o governador, durante coletiva de imprensa. 

O tucano ressaltou ainda que é a primeira vez que se manifesta publicamente a favor do  impeachment de Bolsonaro, mas que as falas feitas pelo presidente em Brasília, durante um discurso para seus apoiadores, constituem um volume de crimes que não podem mais ser ignorados. 

“Eu até hoje nunca havia feito nenhuma manifestação pró-impeachment, quero deixar claro, me mantive na neutralidade, entendendo que até aqui os fatos deveriam ser avaliados e julgados pelo Congresso Nacional. Mas depois do que assisti e ouvi hoje em Brasília, sem sequer estar ouvido o que aqui pronunciará [em São Paulo] o presidente Jair Bolsonaro, ele claramente afronta a Constituição, ele desafia a democracia e empareda a Suprema Corte brasileira. O volume de crimes já cometidos pelo presidente da República, no dia de hoje, nas manifestações são mais do que suficiente para justificar um novo pedido, justificar os mais de 130 pedidos de impeachment que adormecem na mesa do presidente da Câmara Federal em Brasília”,

declarou Doria. 

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Na próxima quarta-feira (8), a Executiva Nacional do PSDB irá se reunir para discutir a oposição e um eventual impedimento do chefe do Executivo federal. A convocação foi feita, de forma extraordinária, pelo presidente do PSDB, Bruno Araujo, após as falas feitas pelo mandatário durante a manhã.

Doria não irá participar do encontro, mas fez questão de tornar pública sua opinião, que é o partido deixar a atual posição de neutralidade e seguir para a oposição. “Eu não faço parte da executiva nacional do PSDB, portanto, não me cabe participar dessa reunião. Mas já me manifestei claramente e reproduzo aqui aos meus colegas jornalistas e à opinião pública a minha posição: o PSDB, o partido pelo qual eu fui eleito governador do estado de São Paulo, estado mais densamente habitado do país, a maior força econômica  do país, a nossa posição é pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro e a posição de que o PSDB deve perfilar como um partido de oposição ao presidente Jair Bolsonaro”, declarou o tucano.

Bolsonaro faz discurso em tom de ameaça

Bolsonaro disse em Brasília, em um discurso com ameaças mais cedo, que não aceitará que qualquer autoridade passe por cima da Constituição e cobrou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, a enquadrar a corte, afirmando que, se isso não ocorrer, o Poder Judiciário poderá “sofrer aquilo que nós não queremos”.