Ofuscados em eleição, candidatos de centro do Chile ainda podem decidir Presidência

Publicado em 19 nov 2021, às 11h56. Atualizado às 13h36.

Por Fabian Cambero e Carlos Serrano

SANTIAGO (Reuters) – Os candidatos presidenciais de centro do Chile estão atrás dos favoritos polarizados da esquerda e da direita antes da eleição de domingo, mas ainda podem ser os fiéis da balança em um provável segundo turno.

Yasna Provoste, uma ex-professora de 51 anos do poderoso Partido Democrata Cristão, aparece em terceiro lugar nas pesquisas de opinião, atrás de José Antonio Kast, concorrente da extrema-direita que lidera a corrida, e Gabriel Boric, ex-líder de protesto estudantil de esquerda.

Sebastián Sichel, advogado e independente de 44 anos aliado à coalizão governista de centro-direita, está na quarta colocação.

Ao menos de acordo com as sondagens, os dois foram descartados por eleitores que se inclinam a candidatos radicais em um clima de revolta contra a desigualdade, o crime e a imigração.

A maioria dos institutos de pesquisa prevê que Kast e Boric ficarão com as duas primeiras posições que encaminham a um segundo turno em dezembro, mas que ambos ficarão muito aquém da maioria absoluta necessária para vencer no primeiro turno. Atrair eleitores de seus rivais de centro será essencial.

Mas não está claro como o eleitorado moderado se posicionaria em um segundo turno. O voto é facultativo no Chile, por isso eles podem se abster ou seguir os candidatos que escolheram inicialmente.

Sichel, apoiado pelo governo conservador do presidente Sebastián Piñera, critica Boric, mas também se distancia de Kast, que elogiou o “legado econômico” do falecido ditador Augusto Pinochet. Alguns membros da coalizão governista o pressionam a declarar apoio a Kast.

“Não aceitarei chantagem daqueles que querem que me transforme em alguém que não sou”, disse Sichel no mês passado. “Parece que alguns querem voltar ao passado e apoiar a velha direita.”

Em uma pesquisa da Pulso Ciudadano com eleitores prováveis publicada no começo de novembro, Kast tinha 27,3% de apoio, Boric 23,7%, Provoste 13,5% e Sichel outros 11,3%. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa ter uma voto a mais que 50% do total.

Os institutos de pesquisa estão divididos quando a questão é se Kast ou Boric venceria um confronto direto. Algumas enquetes mostram que tanto Provoste quanto Sichel derrotaria os dois favoritos em um segundo turno se chegasse a esta etapa.

Provoste, que tem ascendência indígena e é a única mulher entre os sete candidatos presidenciais, confronta o governo, e é mais provável que seus eleitores debandem para Boric do que para Kast, mas alguns analistas argumentam que seus valores religiosos conservadores se chocam com suas credenciais de membro da esquerda.

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