Paraná tem histórico de eleições municipais decididas no segundo turno

Publicado em 12 ago 2024, às 21h39.

As eleições municipais no Paraná apresentam um histórico de decisões acirradas no segundo turno. Desde 1992, primeira eleição municipal desde a redemocratização, em ao menos sete vezes a disputa foi decidida por menos de 60 mil votos nas cidades de Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá.

Paraná tem histórico de eleições municipais decididas no segundo turno
Segundo turno foi iniciado em 1992 em municípios com mais de 200 mil habitantes (Ilustração/Freepik)

O segundo turno foi estabelecido na Constituição de 1988 e desde então ocorre em municípios com mais de 200 mil habitantes. Para que haja essa disputa, o primeiro colocado no primeiro turno tem que registrar 50% dos votos ou menos.

Além disso, o segundo turno é utilizado apenas para cargos majoritários nas eleições municipais e gerais. Ou seja, apenas candidatos aos postos de prefeitos, governadores e presidentes podem decidir a disputa nesse cenário.

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Confira abaixo os segundos turnos mais acirrados no Paraná desde 1992:

Londrina – 1992

Luiz Eduardo Cheida conseguiu virada no segundo tuno (Sandro Nascimento/ALEP)

Sem poder tentar a reeleição, Antonio Belinati (PDT) terminaria o segundo dos três mandatos à frente do executivo de Londrina em 1992. Belinati decidiu apoiar o vereador Luiz Eduardo Cheida (PT), que também contou com o palanque do então governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB).

Cheida teve como principal rival o ex-prefeito de Londrina Wilson Moreira (PSDB). Principal candidato da oposição, Moreira conseguiu mais votos no primeiro turno (68.420 e 40,08%) e foi ao segundo turno contra o petista (58.302 e 34,16%).

Mas no segundo turno, os apoios de Belinati e Requião fizeram a diferença, Cheida conseguiu quase 40 mil votos a mais (fechou com 95.301) e venceu Moreira por uma margem de 6,7 mil votos.

Londrina – 1996

Antonio Belinati retornou ao cargo em 1996 (Arquivo/ALEP)

O PT lançou o ex-deputado federal Paulo Bernardo como candidato da situação e a disputa ainda contou com o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) e com Antonio Belinati – que buscava o terceiro mandato de prefeito em Londrina.

A candidatura de Bernardo não conseguiu fazer frente contra Hauly e Belinati, que decidiram o segundo turno. Na primeira votação, o ex-prefeito conseguiu 96.311 (48,86%) votos contra 69.324 (35,32%) do deputado federal.

O ex-prefeito conseguiu fechar aliança com o PT para o segundo turno, mesmo com Cheida tendo decidido apoiar Hauly. O tucano chegou a ganhar mais de 25 mil votos entre as votações, mas Belinati manteve a dianteira para vencer a eleição com 105.988 votos (52,74%).

Curitiba – 2000

Cassio Taniguchi segurou reação de Vanhoni pela reeleição (Solon Soares/ALESC)

A capital paranaense teve a primeira disputa em segundo turno nessa eleição. O candidato à reeleição, Cássio Taniguchi (PFL), enfrentou o deputado estadual Angelo Vanhoni (PT).

A disputa iniciou com favoritismo de Taniguchi, que nas primeiras semanas caminhava para vencer ainda no primeiro turno. Mas Vanhoni conseguiu passar da barreira dos 300 mil votos e levou a decisão para o segundo turno.

Vanhoni chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto no segundo turno, mas Taniguchi se recuperou nas últimas semanas da eleições e venceu a disputa por uma diferença de 26,5 mil votos – até hoje, a menor distância registrada na capital paranaense desde 1992.

Maringá – 2004

Silvio Barros é candidato do Progressistas
Silvio Barros virou eleição na última semana em 2004 (Reprodução/ @silviobarrosoficial)

João Ivo Caleffi (PT) assumiu a Prefeitura de Maringá em 2003, após o então titular do cargo, José Cláudio, falecer devido a um câncer no intestino. Caleffi decidiu disputar a reeleição e teria em Silvio Barros (PP) e Dr. Batista (PTB) os principais adversários.

Silvio faz parte de uma das famílias mais influentes da política no município e Batista foi vereador por duas legislaturas em Maringá. Mas Caleffi conseguiu chegar ao segundo turno com 49.706 votos, contra 43.133 de Barros e 37.557 de Batista.

Caleffi liderou a disputa até a última semana, quando Barros conseguiu formalizar o apoio da família de José Cláudio e também da maior parte dos empresários de Maringá. Com 92.502 votos, o candidato do PP superou o petista por uma diferença de 12.069 votos.

Londrina – 2008

Luiz Carlos Hauly foi derrotado duas vezes em menos de um ano (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

A eleição mais polêmica desta lista teve um novo embate entre Belinati e Hauly. O tucano precisou superar uma disputa acirrada contra Barbosa Neto (PDT) para chegar ao segundo turno. A diferença entre os candidatos foi de apenas 1,8 mil votos.

No segundo turno, Belinati novamente venceria o rival – dessa vez, por uma diferença de 9.301 votos, mas sequer assumiria a Prefeitura de Londrina em 1º de janeiro. Por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impugnou a candidatura de Belinati devido a uma condenação do ex-prefeito por improbidade administrativa.

Em 2009, novas eleições foram convocadas e Hauly e Barbosa Neto se enfrentaram. O tucano foi novamente derrotado (135.507 contra 114.867), mas Neto não chegou a terminar o mandato. Em 2012, a Câmara dos Vereadores de Londrina decidiu pela cassação do prefeito também por improbidade administrativa.

Cascavel – 2012

Edgar Bueno é do PSDB/ Cidadania
Edgar Bueno venceu a única eleição decidida no segundo turno em Cascavel (Reprodução/ Facebook)

Edgar Bueno (PDT) buscava o terceiro mandato como prefeito de Cascavel – o segundo de forma consecutiva, mas teve que disputar o segundo turno contra o deputado estadual Professor Lemos (PT), na primeira eleição decidida nesse cenário na história do município.

No primeiro turno, a diferença entre os candidatos foi de 10,9 mil votos. Pesquisas eleitorais nas primeiras semanas do segundo turno apontaram que Lemos chegou a ultrapassar Bueno nas intenções de voto.

Mas o prefeito conseguiu recuperar a vantagem e venceu Lemos no segundo turno por uma margem de 17.792 votos.

Londrina – 2012

Alexandre Kireef dobrou os votos do primeiro turno para vencer (Divulgação/PSD)

A maior virada no segundo turno entre essas cidades do Paraná opôs o vereador Marcelo Belinati (PP) contra o médico veterinário Alexandre Kireef (PSD). Além da experiência na vida pública, Marcelo é membro de uma das famílias proeminentes da política londrinense, enquanto Kireef nunca havia ocupado um cargo público anteriormente.

Belinati conseguiu 124.064 votos no primeiro turno (45,39%) contra 69.082 de Kireef. Mas no segundo turno, o médico veterinário cresceu na disputa e chegou a viralizar com o slogan “Diz que é administrado, mas…”. A provocação direcionada ao rival se transformou em um meme a diversos políticos brasileiros.

Na eleição mais apertada da história de Londrina, Kireef registrou 141.049 votos (71.967 votos a mais do que no primeiro turno) e derrotou Belinati por uma diferença de 3.022 votos.

Maringá – 2012

Pupin manteve o PP à frente de Maringá após dois mandatos como vice (Jonas Oliveira/ANPr)

Assim como em 2004, PP e PT decidiram a eleição para prefeito de Maringá. Após dois mandatos como vice de Silvio Barros, Carlos Roberto Pupin se candidatou a cabeça de chapa e enfrentou o deputado federal Ênio Verri – que contava com o apoio do presidente da República à época, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Pupin teve a candidatura ameaçada, após decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em avaliar que como ele havia sido vice-prefeito nas duas eleições anteriores, não poderia pela terceira vez ser registrado em uma chapa. Mas o PP conseguiu entrar com uma representação junto ao TSE, que decidiu a favor do candidato.

No primeiro turno, Pupin conseguiu ficar a frente por uma diferença de 14.731 votos. Ambos os candidatos chegaram a liderar as intenções de voto nas pesquisas do segundo turno, mas o vice-prefeito finalizou a disputa com 11.836 votos de diferença para vencer a eleição.

Curitiba – 2016

Rafael Greca encerra terceiro mandato como prefeito de Curitiba
Rafael Greca voltou à Prefeitura após bate Ney Leprevost (Joel Rocha/ SMCS)

Para fechar a lista, uma disputa acirrada no primeiro e segundo turno na capital do Paraná. Gustavo Fruet (PDT) buscava a reeleição e tinha como principais rivais o ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN) e o deputado estadual Ney Leprevost (PSD).

Com uma arrancada na semana final do primeiro turno, Leprevost ultrapassou Fruet na disputou e foi para ao segundo turno contra Greca. A diferença entre segundo e terceiro colocado foi de 33 mil votos.

No segundo turno, Leprevost conseguiu diminuir a vantagem de Greca e se manteve com chances até a última semana. Mas o ex-prefeito conseguiu a vitória com 56 mil votos de diferença para retornar ao segundo mandato à frente da Prefeitura de Curitiba.

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