Projeto que visa diminuir abandono de crianças e aborto é aprovado em 2° turno pela Câmara de Londrina

por Ana Clara Marçal
com supervisão de Rodrigo Sigmura
Publicado em 20 ago 2021, às 15h22.

Vereadores de Londrina, no norte do Paraná, aprovaram nesta quinta-feira (19), em 2° turno, o Projeto de Lei (PL) n° 48/2021. A proposta tem o objetivo de diminuir os casos de doação ilegal, abandono e aborto de crianças de mães que estejam passando por uma gestação indesejada.

A medida, de autoria do vereador Beto Cambará (Podemos), determina que as instituições públicas e privadas de saúde instalem placas informando que a entrega do filho para a adoção, mesmo durante a gravidez, não é crime.

As sinalizações deverão conter a seguinte mensagem: “A entrega de filho para adoção, mesmo durante a gravidez, não é crime. Caso você queira fazê-la, ou conheça alguém nesta situação, procure a Vara da Infância e da Juventude. Além de legal, o procedimento é sigiloso”.

Entrega Legal

A juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude de Londrina, Camila Tereza Gutzlaff Cardoso, também esteve presente na sessão. Ela destacou a importância de apoiar, sem julgamentos, a doação legal nas gestações em que a mulher deseja entregar o bebê.

“Em Londrina, temos, desde 2015, um projeto chamado Entrega Legal, em que é oportunizado a essa mulher demonstrar durante a gestação o desejo de entrega do bebê. Essa mulher é atendida por psicólogos ou assistentes sociais, que não vão fazer julgamento, mas uma escuta da mulher, para que a decisão seja feita de forma segura. O objetivo é evitar doações de forma ilegal ou a entrega para famílias que não estão preparadas. Temos ainda a imagem de que a mulher que vai entregar seu bebê é uma mulher má, e ela é julgada por toda sociedade. E às vezes essa entrega é um ato de amor, ao ver que ela não tem condições de oferecer esse cuidado”,

explica a juíza.

Com a pandemia da Covid-19, o número de mulheres atendidas pela equipe médica cresceu. Neste ano, foram aproximadamente 15 casos. Desses, apenas 3 ou 4 foram de encaminhamento da criança. Durante o atendimento, muitas mães desistiram da doação. Mesmo assim, a Vara da Infância continua acompanhando essas mulheres por 180 dias.

Agora, o PL aguarda a sanção do prefeito Marcelo Belinati (PP).