Vice de Graeml assinou contrato de R$ 310 mil com a Provopar, que era chefiada pela esposa

Nova gestão da instituição reforça que rescindiu o contrato assim que tomou conhecimento da situação; Jairo Ferreira Filho nega irregularidades

Fala, Marc!

por Marc Sousa
com informações de Brayan Valêncio
Publicado em 22 out 2024, às 18h16. Atualizado às 19h51.

Jairo Ferreira Filho (PMB), vice de Cristina Graeml (PMB) na chapa que disputa a Prefeitura de Curitiba, é apontado por voluntários de sociedades de assistência social por assinar um contrato suspeito com a Provopar, associação civil sem fins econômicos e lucrativos que tem como objetivo promover assistência social, educacional e geração de renda para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Provopar durante assinatura do contrato (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
Esposa de Jairo Ferreira era presidente da Provopar durante assinatura do contrato (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Em 2022, Tatiane Lorenzetti Ferreira firmou, na condição de responsável pela instituição, um contrato com a Jusmind Tributarista, empresa do marido dela e vice de Graeml, para prestar um serviço de restituição de impostos federais, que poderia amealhar lucro de R$ 310 mil para a instituição. Pelo acordo, a Jusmind e Jairo ficariam com 30% disso, o que daria algo em torno de R$ 93 mil.

A proposta foi apresentada e votada em uma reunião do Conselho da Provopar. Esse foi o primeiro assunto de uma reunião do dia 14 de dezembro de 2022. Segundo Tatiane Lorenzetti Ferreira, a Jusmind era a única empresa do Brasil apta a fazer esse serviço, sem possibilidade de negociação do percentual que ficaria com Jairo. As informações constam em ata. O contrato foi celebrado no dia 30 de janeiro de 2023, mas foi cancelado pela nova gestão da Provopar.

Jusmind consta como sendo CNPJ pertencente a Jairo Ferreira Filho (Foto: Reprodução)

Jairo é “contratado” e “contratante” na mesma negociação

Em documentos obtidos pela coluna, Jairo Ferreira Filho também representou a Provopar no acordo celebrado com a Justmind, empresa da qual ele consta, em sites de banco de dados, como administrador. Chama a atenção que a empresa Justmind não é a única do Brasil a prestar esse tipo de serviço, o que é possível constatar numa rápida pesquisa no Google.

A Provopar existe desde 1983 e chegou a ser vinculada ao Governo do Paraná. A entidade atuava em parceria com a sociedade civil, empresas, instituições e órgãos governamentais, e tinha por objetivo colocar em prática programas sociais. Atualmente é uma associação civil, com personalidade jurídica de direito privado, que desenvolve programas de formação profissional; prevenção, conscientização e promoção da saúde; e de doações de alimentos, roupas e itens emergenciais.

Jairo aparece em documento como contratante, representando a Provopar (Foto: Reprodução)
Jairo aparece em documento como contratante, representando a Provopar (Foto: Reprodução)

A nova denúncia contra o candidato a vice na chapa de Cristina Graeml surge na esteira de escândalos financeiros revelados recentemente, que vão de pirâmide financeira a condenação em segunda instância no Distrito Federal por golpe e quebra de contrato.

Provopar detalha rescisão do contrato

Procurada, a Provopar enviou nota ressaltando que a nova gestão rompeu o contrato com a Jusmind. “A nova diretoria do Provopar Estadual tomou conhecimento do caso envolvendo a Jusmind e, por unanimidade, em reunião plenária, decidiu romper com o contrato. Nenhum pagamento foi feito para a empresa Jusmind. O Provopar Estadual é uma instituição séria, que possui mais de quatro décadas de experiência e que preza pela ética e excelência no seu trabalho assistencial”, diz.

Parte do contrato em que Jairo Ferreira Filho aparece como representante da Provopar (Foto: Reprodução)
Documento mostra que esposa de Jairo assinava como presidente da Provopar (Foto: Reprodução)

Outro lado

Procurado, o candidato Jairo Ferreira Filho afirmou, por WhatsApp, que foi conselheiro do Provopar e nunca recebeu dinheiro da instituição. “O provopar não tinha recurso para contratar ninguém. Nem para pagar funcionários tinha dinheiro. Os prestadores de serviço não estavam fazendo nada e fizemos uma análise para buscar ajudar o Provopar. Durante toda minha vida ajudei instituições benemerentes. A Provopar é uma associação benemerente, não é um órgão público. Não está em nada submetido à lei de licitações”, diz o postulante a vice-prefeito.

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