PSD, PL ou PT? Quem venceu as eleições municipais de 2024?
As três legendas cresceram em prefeitos eleitos na comparação com 2020 e se consolidaram como principais forças políticas do país
Atualmente, três partidos se colocam como as principais forças políticas do Brasil: PSD, PL e PT. As três legendas conseguiram crescimento no desempenho eleitoral em 2024 na comparação com as eleições municipais de 2020. Mas qual das três legendas se saiu melhor e está mais preparada para 2026?
Para Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), os três partidos têm motivos para comemorar o resultado.
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Confira abaixo a análise para PSD, PL e PT das eleições municipais de 2024:
PSD e a consolidação como centro
Historicamente, o espectro político do centro no Brasil sempre esteve ligado ao MDB. Mesmo sem ter conseguido eleger um presidente da República, a legenda teve vices em mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, além de vários mandatos de presidência na Câmara e no Senado.
Só que nos últimos anos, esse espaço tem sido pouco a pouco dominado pelo PSD. O partido de Gilberto Kassab tem o maior número de senadores (15) e é o quinto em deputados federais (45), além de dois governadores estaduais, no Paraná e em Sergipe.
“O PSD encabeça o ranking de prefeitos eleitos nesse ano de 2024, tendo crescido 35% em relação à eleição anterior, o que significou 229 cadeiras de prefeitos conseguidas, além do número de 2020, e chegando agora a 891”m pontua Lavareda.
Outro número importante é que o PSD conseguiu mais da metade das prefeituras nacionais que tentou. A taxa de sucesso da legenda foi de 50,9%, a maior entre todos os partidos nas Eleições 2024.
“Então, o PSD assume essa posição aí no centro, centro-direita do espectro político-ideológico, e sai dessa eleição como o maior partido desse segmento do espectro político-ideológico brasileiro”, completa Lavareda.
PL e a participação de Jair Bolsonaro como principal líder
Em 2022, o PL como conhecemos hoje ainda não existia. O PSL era o principal partido de direita no país, com o então presidente Jair Bolsonaro como principal liderança. Mas a quebra da legenda fez nascer o União Brasil (em fusão com o Democratas) e uma parte seguiu Bolsonaro ao PL.
Quatro anos depois, Bolsonaro esteve presente em diversas praças eleitorais e o partido conseguiu mais 166 prefeituras do que na comparação com 2020 e chegou a marca de 517 prefeitos eleitos.
Não há como não reconhecer o crescimento do PL nas eleições desse ano. Ganhou mais 166 prefeituras em relação ao desempenho de quatro anos atrás. Chegou a 517 prefeitos, então é o quinto maior partido em termos de eleitos, computando primeiro e segundo turno.
“Agora é a primeira eleição em que ele participa ajudando a lançar alguns candidatos. Candidatos que se não chegaram a vencer, mas chegaram ao segundo turno em diversas capitais. E isso vai ser uma base de apoio significativa para as campanhas do PL em 2026”, pontuou Lavareda.
Entre esses casos, se destaca as disputas em Goiânia e Fortaleza. Mesmo com derrotas, os candidatos Fred Rodrigues e André Ferreira, respectivamente, conseguiram derrotar nomes consolidados da centro-direita e direita locais para chegar ao segundo turno.
“Se nós olharmos mais atentamente, verá que o partido e ele foram vitoriosos à medida que conseguiram colocar candidaturas até surpreendentes que desbancaram nomes tradicionais da direita. Então, acho que Bolsonaro e o PL também foram vitoriosos”, complementa Lavareda.
PT e os custos da coalizão (mesmo com crescimento)
Em uma eleição que os partidos de esquerda foram os principais derrotados, o PT foi a única exceção. A legenda saiu de 184 prefeitos eleitos em 2020 para 252 neste ano, o mesmo número registrado em 2016.
Como comparação, o PSOL, a Rede, o PV, o PCdoB e o PDT registraram queda na comparação de prefeitos eleitos em 2020.
“Embora o partido tenha sido derrotado na maior parte de capitais em que disputou o segundo turno, vale destacar que ele também foi vitorioso, se nós compararmos os seus resultados com o resultado da eleição anterior. E é assim que nós podemos avaliar o desempenho de uma força política, sempre em termos relativos, comparando com o ciclo eleitoral anterior”, prossegue Lavareda.
Para o presidente do Ipespe, uma das principais causas que explicam o PT não ter conseguido o mesmo desempenho de outras legendas, como o PL e o PSD, é o fato da coalizão partidária feita para manter a governabilidade de Lula.
“É um crescimento bastante modesto para quem está ocupando no momento a presidência da República, mas isso também traduz uma presidência com uma coalizão ampla, em que um grande número de parceiros, às vezes, e esses parceiros, foi necessário, na relação com esses parceiros, que o partido abrisse mão de algumas candidaturas para não fraturar essa aliança de governo que o partido mantém”, finaliza Lavareda.
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