“Querem cinco minutos de fama”, dizem procuradores de Curitiba sobre colegas do RN que apresentaram ação contra Moro
A ação civil pública em que procuradores do Ministério Público Federal (MPF) de Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, acusam o ex-juiz Sérgio Moro de ser parcial na Lava Jato e interferir nas eleições de 2018, e ainda pedem indenização por isso, causou indignação entre os membros da antiga Força-Tarefa da operação em Curitiba. A conclusão dos promotores do Paraná é que os colegas potiguares agiram sob influência ideológica. “São alinhados à esquerda”, disse um procurador que pediu para não ter o nome divulgado.
Na ação, que tem 54 páginas, os procuradores Emanuel de Melo Ferreira e Luís de Camões Lima Boaventura, pedem à União para “reparar danos morais coletivos causados pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e pelo então juiz Sérgio Moro”. Eles dizem que o ex-juiz e a então Força-Tarefa teriam feito “ofensas reiteradas e sistemáticas contra o regime democrático ao atuar em ofensa do devido processo legal e de modo inquisitivo”. Terminam dizendo que a intenção é “proteger o regime democrático” com a “reavaliação crítica” da Operação.
Outro procurador de Curitiba observou que a dupla potiguar fez questão de trazer na ação uma série de outras “frases de impacto”, como as que alegam que os atos Moro supostamente “contribuíram decisivamente para a erosão democrática brasileira”. “Escreveram pensando nas manchetes”, afirma. Outro procurador foi mais enfático: “Querem cinco minutos de fama” concluiu.
Boa parte dos membros da equipe da extinta Força-Tarefa acredita que a ação não vai prosperar e serve apenas para tentar desgastar ainda mais a imagem do trabalho de combate à corrupção no país.
Na Espanha, ONU determina que juiz perseguido seja indenizado
Em um caso semelhante na Europa, o Comitê de Direitos Humanos da ONU entendeu que a Espanha “tem a obrigação” de “anular os antecedentes penais” do ex-juiz Baltasar Garzón e lhe garantir “uma compensação adequada pelo dano sofrido”.
Garzón foi o responsável por julgar os rumorosos casos “Franquismo” e “Gürtel”. Depois de uma perseguição, ele acabou afastado da magistratura em 2012. A ONU chegou à conclusão que existem “dúvidas” se o ex-juiz teve “acesso a um tribunal independente e imparcial”. Ele acabou condenado por prevaricação em um caso de escutas ilegais.