R$ 364 mil em um só dia; veja os gastos no cartão corporativo de Bolsonaro

Publicado em 23 jan 2023, às 20h00. Atualizado às 17h57.

As motociatas que o ex-presidente Jair Bolsonaro costumava participar tinham participação de até 300 militares, que atuavam na ordem do evento. Alguns chegavam a trabalhar por nove horas nos eventos e, por isto, tinham sua alimentação paga pela presidência da República.

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Isso explica, ao menos em parte, gastos repetidos que aparecem nas notas fiscais da presidência da República. Foi comum a aquisição de 300 lanches a R$ 30 cada – totalizando R$ 9 mil por turno de trabalho. O kit consistia em um ou dois sanduíches, uma bebida, como suco ou refrigerante, e uma fruta.

Como os servidores ficavam até 9 horas ou mais de prontidão por dia, eram alimentados três vezes – café, almoço e jantar.

As padarias Tony e Thays, em São Paulo (102 compras no total de R$ 126 mil), e Santa Marta, no Rio (24 compras por R$ 364 mil), eram as preferidas para alimentar a tropa. Entre os funcionários estavam pilotos, motoristas, seguranças e integrantes do cerimonial.

Geralmente as diárias tinham valores baixos – entre R$ 100 e R$ 250 -, mas a quantidade de pessoas envolvidas e o tempo de estadia faziam disparar a conta.

Viagens com avião da FAB

Nas despesas do cartão corporativo não constam os gastos de combustível das aeronaves, custeados pela FAB. Mas o que é servido durante os trajetos, os chamados serviços de comissaria, como a alimentação a bordo do avião oficial, eram contratados, ficando na faixa de R$ 4 mil por viagem.

Nos registros analisados pelo Estadão, na maior parte das vezes Bolsonaro não pernoitava no local: saía de manhã de Brasília e voltava no mesmo dia. As exceções evidentes eram os períodos de férias e lazer. É o caso de uma das hospedagens em São Francisco do Sul (SC), em fevereiro de 2021.

O então presidente ficou com familiares e assessores no Forte Marechal Luz, pertencente às Forças Armadas. Mas a hospedagem de quatro dias custou quase R$ 9 mil. Reparos em jet-skis e lanchas que ficaram avariadas durante o passeio custaram mais de R$ 5 mil. Foi realizada ainda a locação de serviços de antena parabólica e TV por assinatura.

Bolsonaro costumava dizer que essas hospedagens em instalações militares tinham “custo zero” para os cofres públicos. O então secretário de Pesca, Jorge Seif Jr., fez um tour pelo Forte Marechal Luz para mostrar que não tinha ar-condicionado. “Hotel cinco-estrelas”, ironizou. O custo para o erário é agora revelado pelas notas fiscais.

(Por André Borges / com informações são do jornal O Estado de S. Paulo)