Saiba a trajetória de Delfim Netto, ex-ministro que morreu aos 96 anos

O economista veio de uma família de imigrantes italianos e se destacou desde cedo pela dedicação aos estudos

Publicado em 12 ago 2024, às 12h42.

Morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos, o ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal Delfim Netto. Nascido em 1º de maio de 1928, em São Paulo, ele teve uma trajetória marcante na história econômica e política do Brasil.

Saiba a trajetória de Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda
O economista foi um dos idealizadores do Ato Institucional número 5 (AI-5) (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

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Vindo de uma família de imigrantes italianos, Delfim se destacou desde cedo pela dedicação aos estudos. Se formou em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e, posteriormente, se tornou professor na instituição.

Delfim Netto começou sua carreira pública como assessor econômico da Associação Comercial de São Paulo, onde manteve relações próximas com o empresariado paulista. A entrada no governo aconteceu durante o governo do general Costa e Silva, quando foi convidado para assumir o Ministério da Fazenda, aos 39 anos.

Durante o período como ministro da Fazenda, ele exerceu poder absoluto na economia, ampliando subsídios e estimulando exportações e crédito. Delfim Netto controlava os bancos estatais e o orçamento, derrubando ministros que se opunham a ele. Sob seu comando, grandes obras de infraestrutura foram realizadas, e ele manipulou preços para controlar a inflação. 

Delfim também foi um dos idealizadores do Ato Institucional número 5 (AI-5), que restringiu liberdades políticas no país, e não demonstrou arrependimento por isso, afirmando que repetiria suas ações se necessário. 

Apesar de suas ambições políticas, Delfim foi afastado por Ernesto Geisel, que o enviou como embaixador para Paris. De volta ao Brasil no governo Figueiredo, reassumiu o controle da economia durante uma crise causada pelo aumento da dívida externa e pela inflação. 

Mesmo após deixar o governo, Delfim continuou atuando como deputado federal por cinco mandatos e criticando as políticas econômicas de presidentes subsequentes, incluindo o Plano Real. Apesar das críticas iniciais, ele acabou sendo respeitado até por seus antigos adversários da esquerda.

Nas eleições de 1998, Delfim Netto, como membro do PPB, defendeu que Lula não deveria ser “satanizado”. Em 2002, elogiou a Carta ao Povo Brasileiro e apoiou Lula quando ele chegou ao segundo turno. 

Delfim foi citado na Operação Lava Jato em 2018 por suspeita de fraude na licitação da usina de Belo Monte, alegando que a remuneração recebida era por consultoria. Antes do impeachment de Dilma, começou a se aproximar de Michel Temer, que assumiu a presidência.

Sob o governo de Bolsonaro, Delfim elogiou a política liberal de Paulo Guedes. Samuel Pessôa o descreveu como a figura mais complexa da segunda metade do século XX no Brasil, reconhecendo sua contribuição econômica, apesar de seu envolvimento com o regime militar.

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