Sessão da Alep é marcada por ofensas entre deputados em discussão sobre tortura: "foi pouco ainda"
A sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desta segunda-feira (25) foi marcada por um bate-boca entre os deputados Ricardo Arruda (PL) e Tadeu Veneri (PT) sobre a ditatura militar. Diante do clima de exaltação, o presidente da casa, Ademar Traiano (PSD) precisou pedir por ordem e os parlamentares chegaram a ser contidos por colegas para evitar que o conflito se agravasse.
O debate começou com uma fala do deputado Ricardo Arruda afirmando que não houve ditadura no Brasil. Durante seu discurso, o parlamentar disse que só foi torturado “quem mereceu” e que “foi pouco ainda”. Arruda justificou o discurso citando que viveu durante o regime militar e que “vivia muito bem, obrigado”.
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“Nunca houve ditadura no nosso país. Quem inventou isso foi a esquerda. Ditadura houve em Cuba, Venezuela, ocorre até hoje, que ganharam o governo na bala, matando quem era contra, isso foi ditadura. No Brasil houve o regime militar a pedido do povo, a grande maioria da população, mulheres, homens e também políticos foram às ruas pedir o regime militar porque estava esculhambada a gestão do nosso país, uma roubalheira generalizada. Aí os militares assumiram para pôr ordem na casa e devolveram sem guerra nenhuma. Os únicos que dizem que foram torturados foi quem mereceu ser torturado, que eram guerrilheiros, terroristas que explodiam banco, saqueavam, roubavam e esses mereciam sim. Eu acho que foi pouco ainda. Então aqui nunca houve ditatura e eu vivi nesse regime militar aqui e a gente vivia muito bem, obrigado.”
citou o deputado Ricardo Arruda (PL).
Outros parlamentares discursaram na sequência sem citar a fala sobre a ditadura, até chegar a vez de Tadeu Veneri, que se posicionou veementemente contrário à Arruda. Na tribuna, Veneri disse que o deputado deveria “ser torturado para saber o que é tortura”, e argumentou que Arruda viveu tranquilo no regime militar por não contrariar o governo: “Sempre foi cômodo, arrumadinho, encostadinho, calminho”, disse.
“Deputado que diz que não houve tortura devia ser torturado para saber o que é tortura. Deputado que diz que deviam torturar mais, deviam apanhar mais, deveria apanhar para saber o que é apanhar. É uma vergonha, deputado Arruda, o que o senhor fala naquela tribuna. É uma vergonha porque o senhor nunca teve coragem de enfrentar a ditatura. Sempre foi cômodo, arrumadinho, encostadinho, calminho, e aí faz o papel de herói da tribuna. Francamente. Nós enfrentamos a ditadura, nós conhecemos estudantes que foram mortos posteriormente, inclusive em Londrina. Eu conheci bancários que foram demitidos por serem contra o regime militar. Agora aqueles que nunca fizeram nada, aqueles que sempre foram coniventes, que ficaram encostadinhos em um canto, é muito cômodo, é muito fácil”,
pontuou Veneri.
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Ainda, Veneri afirmou que Arruda estava fazendo “apologia à tortura” e que era necessário refletir sobre o que estava sendo dito na tribuna da Alep. “Nós não podemos aceitar que a tribuna sirva para apologia à tortura como eu vi agora pouco, “torturaram pouco”, não mataram… ora, onde que nós estamos e onde nós queremos parar?”, questionou.
Arruda começou a tréplica, mas devido a exaltação dos envolvidos, o presidente da Alep, Traiano, pediu ordem e passou a palavra para o próximo deputado. Arruda e Veneri continuaram a discutir e tiveram que ser contidos pelos colegas.