Sócios de Bolsonaro para glória da morte, amém
Quando se escrever sobre o impacto do novo coronavírus nestes tristes tempos de doença e morte, papel relevante terá um brasileiro, não de herói, mas de vilão: o presidente Jair Bolsonaro. É difícil encontrar nos registros de séculos de civilização tão bizarra obra de barbárie quanto a desse capitão do obscurantismo, que apostou quase 58 milhões de votos no cassino da política em óbitos e na negação total da empatia, da sensibilidade, do amor e do instinto animal da sobrevivência.
Entorpecido pelo servilismo ao pajé ianque Donald Trump, messias da picaretagem como código de honra, nosso tosco propagandista de placebos como panacéia em feiras livres embarcou com entusiasmo cego nas práticas cientificamente inócuas de pílula do câncer, cloroquina e contágio do rebanho como poções mágicas para a cura universal da moléstia ignota. Sumo sacerdote de crendices bárbaras de terraplanismo, criacionismo e demonização da vacina que não previne, mas mata, ele investiu em teorias absurdas como a prevenção pelo banho no esgoto e o convívio com a doença como prova de bravura.
A ajuda dada ao microrganismo por sua meta de contaminar 70% da população não tem paralelo nem mesmo com as idiotices de seus comparsas, os ditadores Daniel Ortega, da Nicarágua, Gurbanguly Berdimuhamedow, do Turcomenistão, e Alexander Lukashenko, da Bielorús.
Sua teimosia estúpida o levou à antecipação da guerra eleitoral em dois anos e a se inimizar publicamente com governadores e prefeitos do País todo, que adotaram a estratégia óbvia de reduzir contato social para atenuar contágio viral. Sua obsessiva cruzada contra a vida e em prol da renda terminou por ocultar as participações desses inimigos eleitorais na disseminação do microrganismo. Luiz Henrique Mandetta, o ministro que abateu por ciúme, inveja e cálculo, deixou o Ministério da Saúde como herói e eventual adversário dele no pleito de 2022.
Mas sem ter de explicar por que não comprou testes suficientes para repetir o sucesso da Coreia do Sul. João Doria nunca foi cobrado por ter feito o antigo túmulo do samba de Vinicius tornar-se permanente quarta-feira de cinzas da farra das funerárias sambando sobre sepulturas. Como Dória, Bruno Covas, Wilson Witzel e Ronaldo Caiado caíram na cantiga da sereia da abertura das ruas para a tragédia escancarada da crueldade de capitalistas desumanos, Eles e outros, em associação com as ratazanas da elite dirigente do Estado e do rentismo, investiram pesado em sobrepreços em alta e decência em queda vertiginosa.
Como nas priscas eras de El Rey fujão, a Terra de Santa Cruz manteve o protocolo ritual de eliminar pobres e velhos para nutrir maganões da Corte.
*Jornalista, poeta e escritor