Últimas lutas de Recalcatti: vacinas, EPIs e aumento salarial aos policiais

Publicado em 9 abr 2021, às 23h25.

Ocupante de uma das cadeiras do legislativo paranaense, o delegado Rubens Recalcattifalecido na noite desta sexta-feira (10) por uma parada cardíaca – tinha sua autação parlamentar focada na segurança pública. E uma de suas últimas lutas, nesta sexta-feira, estava focada na vacinação das forças de segurança pública do Estado, já que uma ação civil pública do Ministério Público do Paraná (MPPR) e do Ministério Público Federal (MPF) pretende interromper a imunização deste grupo, iniciada segunda-feira (05).

Foi com o delegado Daniel Fagundes, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), que o delegado Recalcatti conversou por quase 30 minutos na manhã desta sexta-feira. E além das vacinas, ambos falaram também sobre os EPIs relacionados à Covid-19 e a reposição salarial da categoria. “Nós conversávamos quase todos os dias. Recalcatti é um dos poucos que, dentro das possibilidades dele como deputado, intercedia pela categoria policial junto ao governo”, disse Fagundes.

Vacinas

Este é o assunto mais recente que veio preocupar os policiais em geral no estado do Paraná. Nesta semana, os Ministérios Públicos ingressaram com uma ação civil pública para interromper a vacinação dos agentes de segurança no Paraná, por entender que primeiro deveria ser concluída a vacinação dos idosos, para depois avançar outros grupos.

“Nós vamos entrar com petição como interveniente (terceiro interessado) nesta ação. E paralelamente Recalcatti ia atravessar mais um pedido em prol dos policiais, que foram colocados tardiamente na lista de prioridades da vacinação. E quando a vacina veio, contemplaria só 5% do efetivo. Polícia Civil hoje opera só com 47% da quantidade de servidores que deveria ter. São cerca de 3.800 policiais em todo o Estado, dos quais apenas 349 delegados. É um número muito pequeno. Já poderia vacinar todo mundo de uma vez. E os MPs querem tirar isso dos policiais”, explicou Fagundes.

EPIs

Fagundes ainda disse que o outro tópico de conversa com Recalcatti na manhã desta sexta-feira (09) foram os EPIs relacionados à pandemia. “Somo um setor que não parou de trabalhar. Policial atua prendendo bandido, que não usa máscara. Atua com esse povo que não tá nem aí para prevenção. E o Estado sequer nos dá EPI para trabalhar. Deu lá no começo da pandemia e pronto. Policial hoje tem que tirar do bolso pra comprar álcool, máscaras N95, que protegem melhor quem lida com público externo”, analisou Fagundes.

Segundo ele, Recalcatti ia encaminahr ofício ao governo estadual pedindo o fornecimento de EPIs aos policiais de forma contínua. Fagundes explica que muitos questionam por quê os delegados não usam o Fundo Rotativo da Polícia Civil para comprar os EPIs às equipes policiais.

“Fundo Rotativo é para manutenção das delegacias. Se delegado usa para comprar EPI, que é obrigação do estado fornecer, depois tem que se explicar na Justiça por sobre o uso do dinheiro”, explicou Fagundes. E por isto o deputado estadual faria o alerta ao governo estadual sobre o problema e a falta dos equipamentos.

Congelamento salarial

Outra questão enfrentada pelos delegados da Polícia Civil, e que foi tema da conversa com Fagundes na manhã de hoje, é sobre o reajuste salarial. Conforme o presidente da Adepol, os delegados estão sem reajuste desde 2016, o soma uma defasagem de 30% em relação à inflação. Fagundes ainda mostra que o último concurso para delegado foi em 2013 e a falta de delegados já é crítica, já que um mesmo delegado chega a assumir até 3 delegacias ao mesmo tempo.

“Ele como delegado aposentado, associado da Adepol, meu amigo particular e deputado estava sempre à disposição da classe dos delegados. Ele, mais que ninguém, sabe das nossas dificuldades, principalmente neste período de pandemia. Os delegados e policiais civis estão nas ruas trabalhando, pegando Covid. Estamos perdendo muitos policiais para a doença todos os dias. O Recalcatti realmente tentava nos ajudar”, disse Fagundes, lamentando a perda.