Veja partes da minuta encontrada na casa de Anderson Torres e que previa 'fiscalizar' as eleições

por Giselle Ulbrich
com informações da Folha de São Paulo
Publicado em 12 jan 2023, às 22h27. Atualizado às 22h59.

Partes da minuta encontrada na casa de ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, foram vazadas na noite desta quinta-feira (12). No decreto supostamente golpista, o ex-presidente preve a criação de uma comissão controlada pelo governo, para fazer a “apuração da conformidade e legalidade do processo eleitoral”, vencido por Lula em outubro.

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Conforme o jornal Folha de São Paulo, o documento, que cita o “reestabelecimento imediato da lisura e correção da eleição de 2022”, previa a quebra dos “sigilos de correspondência e de comunicação telemática e telefônica” dos membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que abrangeria todo o processo eleitoral até a diplomação de Lula, em 12 de dezembro.

A Comissão de Regularidade Eleitoral seria composta por oito integrantes do Ministério da Defesa (indicados pela presidência), dois peritos criminais federais, dois representantes do Congresso Nacional (Câmara e Senado), dois membros do Ministério Público Federal, um membro do Tribunal de Contas da União e um da Controladoria-Geral da União.

O grupo seria responsável por elaborar um relatório final e apontar supostas irregularidades nas eleições, com intuito de Bolsonaro se autodeclarar vencedor das eleições 2022.

O documento, apreendido pela Polícia Federal, estava num armário da casa do ex-ministro Anderson Torres, que teve a prisão decretada pelo ministro do TSE, Alexandre de Moraes. Conforme o mandado, Torres, que tinha acabado de assumir como secretário de segurança do Distrito Federal, não impediu a invasão aos prédios dos três poderes em Brasília, ocorrido no domingo (8). Ele teria recebido a informação da manifestação, mas teria sido omisso em impedi-la.

O que diz Anderson Torres

Anderson Torres se manifestou nas redes sociais sobre o documento. Ele não negou a existência da minuta em sua casa. Ainda reiterou que o documento seria triturado e que a divulgação da minuta se deu fora do contexto.

“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.

Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.

Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.

Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro.”

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