Videogame: ótima opção de diversão se usada com moderação

Publicado em 1 abr 2021, às 11h04. Atualizado às 11h06.

Em tempos de opiniões polarizadas nas redes sociais até o videogame vira tema de debate in(tenso). Principalmente entre pais e filhos na rotina do isolamento em casa por conta da pandemia. Aqui propomos um caminho para o equilíbrio, com informações que ajudam os filhos a defender os jogos e também os pais a impor limites. Mas o convite é que a família inteira leia a matéria para encarar esports (esporte eletrônico) como uma ótima opção de diversão se usada com moderação. Afinal, o que é proibido tende a se tornar mais atraente, e o que é demais corre o risco de enjoar. 

– Os games podem melhorar uma série de funções cerebrais, como foco, concentração,  orientação espacial e a memória. Eu vejo muitas crianças que começam a jogar e aprendem de maneira mais fácil outra língua – destaca a psiquiatra Marina Toscano de Oliveira.

– Jogar é excelente para fortalecer vínculos de amizade, assim como ter um local seguro para encontrar seus amigos e ter uma atividade em comum. É muito utilizado como forma de aliviar o estresse e atividade de lazer que auxiliam na qualidade de vida – pontua o psicólogo Claudio Godoi, da Team Liquid, uma das maiores organizações de esports do mundo.

Há muito tempo, porém, os campeonatos de videogame deixaram de reunir apenas amigos na sala de casa. Hoje, dos celulares mais simples aos computadores de última geração, jovens veem nos games uma chance de transformar em profissão o que mais gostam, podendo até ganhar fama internacional. Além disso, segundo levantamento publicado pela Betway, site de aposta em eSports, o Brasil já é visto como um dos principais mercados de games e ciberesporte do mundo, atraindo investimento de organizações estrangeiras e concentrando alguns dos maiores streamers (que fazem transmissões ao vivo em lives) do planeta. 

Saiba mais em Desmitificando o comportamento dos Gamers

– O Rainbow Six foi a maior escola da minha vida. Eu aprendi a lidar com muitas pessoas diferentes, de lugares diferentes, com mentalidades diferentes. Você cria uma certa maturidade de saber a responsabilidade que você tem para conseguir resultados e acaba tendo foco – revela Gabriel Hespanhol, conhecido como “cameram4n”, um dos principais pro players (jogadores profissionais) brasileiros de Rainbow Six Siege, um jogo do estilo FPS (tiro em primeira pessoa) extremamente tático e estratégico. Hespanhol disputa campeonatos nacionais e mundiais do game desde o lançamento, em 2015. 

E quando a diversão vira um problema?

O vício nos jogos online é reconhecido como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chamada “distúrbio de videogame”. A OMS considera que jogar até duas horas por dia – sem virar a noite para não prejudicar o sono – não causaria grandes problemas. Porém, especialistas em esports destacam que não há uma quantidade de horas determinada que caracterize a dependência: a troca da vida real pela virtual é, na verdade, um sintoma. Segundo o psicólogo Claudio Godoi, que trabalha na área desde 2015, quem sofre bullying ou não tem amigos, por exemplo, quando joga online não é julgado pela aparência e tem o desempenho valorizado, por isso pode achar melhor mergulhar nas telas do que interagir com as pessoas de carne e osso. Neste caso, não se deve focar no videogame, mas investigar a vida fora dele, e trabalhar as habilidades sociais. 

Outra dica para quem acha que está prejudicando outras áreas da vida em função do videogame é procurar ajuda quando notar que não está mais no controle da situação e não consegue mudar sozinho, e que as pessoas ao redor estão apontando o mesmo excesso. No corpo, os principais pontos de atenção, segundo Godoi, são a má postura e os movimentos repetitivos, que podem levar a dores e lesões na coluna, nos braços e nas mãos. 

É bem importante destacar que há diferenças relevantes em relação a quem tem os jogos como hobby e quem os têm como ferramenta de trabalho – seja como pro player ou profissional envolvido na área. O esporte eletrônico é, sim, esporte, com preparação, concentração e todos os cuidados necessários em qualquer modalidade. Como dissemos no início, o melhor caminho é o equilíbrio. 

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