A volatilidade agora é regra

por Angelo Binder
conteúdo Comando News com assessoria
Publicado em 14 maio 2020, às 00h00.

O futuro sempre fascinou o homem. Mesmo antes do despertar da civilização como a conhecemos, xamãs e líderes tribais realizavam sortilégios, ritos e práticas espirituais nas quais buscavam indícios e respostas a respeito do futuro. Queriam, naquela altura, saber mais a respeito das condições climáticas, da oferta de recursos naturais, da propensão ao sucesso nos locais onde se instalavam.

Nikola Tesla, Alexander Graham Bell, Alfred Nobel, Thomas Edison, Louis Pasteur… Suas centenas de invenções, embora acompanhadas de milhares de experimentos sem qualquer sucesso, desenharam o esboço de toda a sociedade do século XX.
Infelizmente, para a maioria deles, os resultados concretos de suas invenções e experimentos só ocorreram, em realidade, gerações após suas mortes. Conceitos de transmissão wireless idealizados por Tesla, por exemplo, somente se tornariam viáveis quase 100 anos após o período em que viveu.

Os bens científicos da Segunda Guerra Mundial criariam mais uma infinidade de avanços, ainda nas décadas de 1950 e 1960. Entretanto, com a visão futurista do conflito final – o que conheceríamos mais adiante como a Guerra Fria – tais avanços inacreditáveis eram estrategicamente mantidos às sete-chaves.

Estamos vivendo agora uma nova guerra, uma crise global de saúde pública: a COVID-19. A economia do distanciamento social só acelerou a transformação digital promovida por startups e por grandes empresas. A disseminação do coronavírus mudou o cenário do comércio eletrônico e como governos entregam serviços à população.

Muito se fala em transformação digital, mas as verdadeiras transformações e inovações acontecem no modelo mental das pessoas que estão à frente das decisões. Enfrentamos a volatilidade como regra. Lidar com incertezas significa buscar, de forma incessante, a informação. Pesquisar, interpretar, compartilhar e utilizar toda e qualquer informação no sentido de gerar mais conhecimento e tentar criar mecanismos mais eficazes.

Para desenvolver tal habilidade, mais do que perceber o que devemos aprender ou desenvolver, é preciso compreender o porquê devemos cultivar tais capacidades. O motivo e o propósito são peças fundamentais para desenvolver o poder, pensar e enxergar o mundo de forma mais clara e ser capaz de imprimir as modificações necessárias para solucionar problemas individuais e sociais.

Mas, afinal de contas, onde entra a tecnologia nisso tudo?

As tecnologias são, no entanto, gatilhos que podem disparar um raciocínio e uma forma de pensar diferentes – e esse mindset leva a utilização da tecnologia de forma a criar soluções, promover melhorias e resolver dilemas de forma mais eficaz.
Trata-se de um novo modelo mental inovador e, com essa nova maneira de olhar o mundo, descobrimos maneiras mais inteligentes de usar recursos, ferramentas e instrumentos – tecnológicos ou não.

Por André Telles, especialista no tema de governos inteligentes e inovação é assessor de Gestão Inteligente e Inovação no governo do Estado do Paraná, coordenador dos aplicativos Paraná Serviços e Paraná Solidário – ambos considerados cases inovadores lançados pelo Governo do Estado. Telles é co-fundador/ex-sócio do iCities, empresa responsável pelo congresso mundial de cidades inteligentes da FIRA Barcelona no Brasil. Autor de cinco livros relacionados ao tema da tecnologia e inovação, foi autor da primeira publicação braisleira sobre mídias sociais, em 2005. Seu último livro, O Futuro é Smart, é considerado um sucesso de crítica por ditar tendências ainda pouco conhecidas na área de inovação.