Em 2019, setor de tecnologia vai piorar antes de ficar bem
2018 é um ano que o setor de tecnologia desejaria esquecer. Mas os problemas surgidos no ano não vão desaparecer agora. Foi o ano em que discutimos quão pouco devemos confiar no Facebook e a que ponto estamos dependentes das nossas telas. Foi o ano em que ódio e desinformação se tornaram uma realidade inevitável. Google, Microsoft e Amazon enfrentaram revoltas de seus funcionários por falhas do ponto de vista ético. A Apple se tornou a primeira empresa a valer US$ 1 trilhão, para depois perder mais de US$ 400 bilhões quando a demanda por seus novos iPhones não atingiu o esperado.
Para 2019, é difícil ver superados os problemas que 2018 deixou para trás. Novas tecnologias, claro, como as redes 5G, novos meios de transporte e inteligência artificial, prometem mudar nossas vidas. Mas mesmo elas contêm inúmeras ressalvas no curto prazo.
Há uma década no Facebook, Sheryl é talentosa demais para se manter ali e ser acusada pelos erros de Zuckerberg. É possível que ela saia para ser presidente de outra empresa. Enquanto isso, para o Facebook é a chance de mostrar mudanças, talvez reformulando seu modelo de negócios. Uma ideia interessante seria a criação de assinaturas: pagar ao Facebook em vez de permitir que ele nos espione para os anunciantes.
Trump. O presidente dos EUA é um fator importante nesse 2019 – afinal, ele adora esbravejar contra o mercado de tecnologia. É bastante seguro afirmar que ele retomará a carga contra a Amazon. No ano passado, a briga foi sobre uma questão de taxas que a varejista paga aos Correios dos EUA. Mas, conforme a empresa de Jeff Bezos se espalha para novos ramos da economia (como lojas físicas, dispositivos de casa conectada e ainda mais dados sobre seus usuários), Trump terá motivos para questioná-la, em aspectos que vão de seu impacto sobre empregos ou alertas de que ela está ficando grande demais.
Além disso, há um debate no âmbito dos partidos republicano e democrata sobre o controle do setor de tecnologia. O Congresso estará ocupado demais com outras coisas em 2019 – o que deve fazer as empresas de internet, donas de lobby poderoso, resistirem às mudanças de que realmente precisamos. Apesar disso, com os democratas controlando a Câmara dos Deputados, é possível esperar que novas audiências discutam os sérios problemas de privacidade e monopólio.
Outro tema aguardado é a investigação da Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês) sobre o Facebook. Mas a agência, cujo poder é limitado por lei, recentemente mostrou que tem pouca capacidade de provocar grande impacto.
Facebook. Em 2018, o Facebook viveu uma situação explosiva. Foram ao menos 21 escândalos relevantes, que levaram a confiança do consumidor a ser abalada – especialmente pela capacidade da rede social em proteger os dados dos usuários. Este ano, o Facebook precisa fazer algo realmente espetacular para mostrar que entende sua responsabilidade. Como ninguém pode disputar o trono do cofundador Mark Zuckerberg, não é difícil imaginar outra possibilidade: a saída da diretora de operações Sheryl Sandberg.
Celular. Após um longo período de seca, o design dos celulares devem voltar a trazer surpresas. Este ano, a Samsung pretende lançar um celular que abre e dobra como um livro, com uma tela de 7,3 polegadas. Por enquanto, é uma engenhoca – ainda que seja interessante ter um celular com tela grande para ver um vídeo, mas pequeno o suficiente para caber no bolso. Ou quase: com essa nova tecnologia, não seria inesperado que o celular custe US$ 2 mil ou mais.
Outra novidade para os celulares este ano devem ser as redes 5G nos EUA – operadoras como AT&T e Verizon estão prometendo alta velocidade nas principais cidades. No entanto, nada que mude vidas: as coberturas começam em pequenos bairros e depois se espalham. Levará anos para que o 5G seja como as redes 4G. Além disso, há problemas de hardware: quase não existem celulares compatíveis com a tecnologia. A Apple, por exemplo, deve esperar até 2020 para lançar um iPhone 5G. E a demanda crescente da nova rede, por seu uso de frequência, devem esgotar rapidamente a bateria dos celulares, outro velho problema do setor. Ainda vai levar um tempo para que a tecnologia do futuro chegue, de fato, ao presente.
Fonte: Terra Tecnologia