Hospital de Curitiba realiza primeira cirurgia cardíaca com robô do Sul do Brasil

por Isadora Deip
com informações do Hospital Nossa Senhora das Graças e supervisão de
Publicado em 24 maio 2022, às 17h43.

O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Curitiba, realizou a primeira cirurgia cardíaca com uso de robôs do Sul do país. O procedimento foi liderado pelos cirurgiões cardiovasculares Vinicius Nicolau Woitowicz, do HNSG, e Robinson Poffo, pioneiro em cirurgia robótica cardíaca no Brasil.

O paciente operado tem 49 anos e foi diagnosticado com uma cardiopatia congênita, chamada de comunicação interatrial, que consiste em uma abertura no coração que separa o átrio esquerdo do direito.

Os cirurgiões tiveram o auxílio do robô Da Vinci, que dispõe de quatro braços telecomandados por uma mesa de controle com visão 3D e alta definição da área cirúrgica. Foram feitas pequenas incisões, parecidas com a de uma videolaparoscopia, que corrigiram o defeito congênito, utilizando um fragmento de pericárdio bovino.

“A realização da primeira cirurgia robótica cardíaca foi um desafio executado com bastante cautela, responsabilidade e treinamento específico”,

diz Woitowicz.

O paciente descobriu o diagnóstico da doença em um check-up de rotina, com queixas de cansaço. “Essa doença na maioria das vezes é identificada ainda nos primeiros meses de vida do bebê pelo pediatra. Porém, muitos descobrem somente mais tarde”, explica Woitowicz.

Se a cirurgia não fosse realizada, a anomalia poderia vir a causar hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca.

Para Poffo, pioneiro da cirurgia robótica na especialidade da cardiologia no País, a realização do procedimento em Curitiba é um avanço para a medicina do Paraná.

“É uma grande esperança e novidade para a população paranaense e do sul do País contar com a cirurgia robótica na especialidade da cardiologia, que tem como grande objetivo operar o coração sem a abertura do osso do peito. Técnica menos invasiva, segura e eficaz, usada no exterior há mais de uma década, fazendo que o paciente evolua de uma forma muito mais positiva”,

diz Poffo.

Opção pela cirurgia robótica

Por conta das condições anatômicas do coração do paciente, não foi possível realizar o tratamento pelo método do cateterismo cardíaco.  

“Foi tentado de forma não invasiva, através do cateter fechar essa comunicação, mas não foi possível pela questão técnica e anatômica. Então esse paciente teria que fazer uma cirurgia de peito aberto, uma cirurgia tradicional do coração, mas com a robótica a cirurgia é feita com uma invasão e trauma cirúrgico bem menor”, explica o cardiologista do HNSG, Alexandre Alessi, que fez o acompanhamento clínico do paciente, pré e pós-cirúrgico.

Caso o paciente optasse pela cirurgia aberta o tempo de recuperação também seria bem maior – de 45 a 60 dias. Com a robótica, a recuperação é de somente 10 dias. 

 “Sem dúvida nenhuma a robótica na cardiologia é um avanço na medicina. É passar de procedimentos mais agressivos, que causam processo inflamatório, mais tempo de internamento, risco maior de sangramento, dor maior no pós-operatório ao paciente, para uma situação com menos tempo no hospital, menos sangramento e processo inflamatório, além de ser menos agressivo. Isso porque não há corte no osso externo, os drenos utilizados são de tamanhos menores e as pinças do robô permitem chegar no local da cirurgia com maior precisão”,

explica Alessi.

Entre as principais cirurgias cardiovasculares realizadas com o robô, estão as cirurgias valvares e a cirurgia de defeito do septo cardíaco.

Assista ao vídeo da realização da cirurgia:

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