Médicos das UPAs de Curitiba denunciam sobrecarga e assédio moral

Publicado em 31 dez 2021, às 10h11. Atualizado às 11h41.

O portal do Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná publicou, nesta quinta-feira (30), uma denúncia de médicos e médicas que atendem nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba. Segundo o texto, os profissionais estão encaminhando diversas reclamações para o sindicato de sobrecarga de trabalho e de assédio moral por parte dos gestores das unidades.

Segundo as denúncias feitas ao Sindicato, há poucos médicos nas escalas de trabalho o que acaba ocasionando a sobrecarga. Ainda, os gestores estão sendo acusados de obrigar os profissionais a atender cada paciente em 15 minutos, o que “não condiz com as boas práticas da medicina”, já que há casos mais complexos e que exigem um exame mais detalhado.

A sobrecarga faz com que o tempo de espera por atendimento seja muito longo. Há relatos de cinco ou até seis horas de espera, o que gera revolta entre pacientes e familiares. Outro problema relatado por médicas e médicos são as frequentes realocações de profissionais, que são transferidos de uma UPA para outra sem aviso prévio, poucos minutos antes do início dos plantões, ou até durante o trabalho.

O Sindicato aponta que a solução é a contratação de mais médicos e médicas para atendimento e relata que existem profissionais concursados apenas aguardando para serem chamados.

Veja o posicionamento do Sindicato:

“Se a Prefeitura tivesse interesse em melhorar a qualidade do atendimento deveria chamar os médicos concursados para assumirem seus cargos; além de manter os profissionais nas suas unidades, sem mudanças frequentes, melhorando o vínculo dos médicos com os pacientes e suas famílias.

A situação está se agravando nos últimos dias em função do aumento de casos de Influenza, associados à nova variante do Coronavírus, a ômicrom, que está se alastrando rapidamente.

O Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) encaminhará as denúncias ao Ministério Público, onde já há um Procedimento Administrativo em trâmite sobre as mesmas denúncias”.

O RIC Mais entrou em contato com o plantão da assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba e aguarda um posicionamento da administração pública.

Atualização

Em nota, a Prefeitura de Curitiba, através da Secretaria Municipal da Saúde, afirmou que as escalas dos médicos foram reforçadas com a maior demanda e afirmou que há “capacidade profissional plena”. Ainda, a Prefeitura negou que os profissionais sejam orientados a atender os pacientes em apenas 15 minutos.

Veja a nota na íntegra:

“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba informa que as escalas médicas nas Unidades de Pronto Atendimento estão completas, com “capacidade profissional plena”. Essas escalas médicas foram, inclusive, reforçadas nas UPAs com maior demanda. Curitiba conta atualmente com 9.833 trabalhadores da área da Saúde. Destes, 2.541 são novos profissionais, entre eles médicos. Não há qualquer orientação por parte da SMS para tempo máximo de consulta médica, pois, como bem apontou o Simepar, somente o médico tem liberdade para decidir quanto tempo levará cada atendimento. O tempo depende da complexidade de cada caso. No início desta semana, as UPAs, assim como a rede particular de saúde, registraram um aumento da demanda, por conta da volta do feriado, mas a maior parte dos casos não eram de emergência. Não houve registro de agressão contra profissionais da medicina, da enfermagem ou da administração das unidades. Sobre as realocações, elas podem ocorrer eventualmente para o bem do serviço público. Os profissionais são avisados com antecedência, salvo raras exceções (casos fortuitos emergenciais pontuais)”.