Abandonado na Ucrânia, jogador de futsal critica atitude de brasileiros do Shakhtar: "Se acham superiores"
O pivô de futsal Jonatan Moreno está entre os cidadãos brasileiros que permanecem na Ucrânia. Neste sábado (26), o atleta do Skyup Kiev acredita que passará pelo pior dia da guerra desde o início da invasão do exército russo.
“Dos três dias, hoje é o pior de todos. Eu consigo falar a língua russa e daqui 1h30 vai ter ataque áereo, então estamos assustados. Tivemos dias muito difíceis”, afirmou, em entrevista à GloboNews.
Alguns brasileiros conseguiram, com a ajuda da embaixada brasileira, pegar um trem e buscar a saída do Ucrânia através da fronteira com a Romênia. Jonatan Moreno explicou o motivo de ter permanecido em Kiev e ser obrigado a passar pelo “pior dia da guerra”.
“Houve um mal entendido sobre o horário (de partida) e não conseguimos pegar o trem. Agora, tem um toque de recolher, não se pode sair desde hoje até segunda-feira, e aí pensar em um novo plano. Com o espaço aéreo fechado, precisa sair de via terrestre”, reconheceu.
Instalado em um hotel, o jogador de futsal pediu orações. “Psicologicamente estamos acabamos. Fisicamente, não conseguimos dormir. E a promessa é de mais uma noite terrível”, disse Jonatan Moreno.
Abandono dos colegas
Nas redes sociais, Jonatan Moreno acusou os compatriotas que atuam no futebol de campo do abandono. Todos estavam no mesmo hotel. O atleta de futsal e outros dois brasileiros seguem presos em Kiev e não conseguiram pegar o trem com a ajuda do governo brasileiro.
Moreno contou que chegou no hotel onde estavam os jogadores de campo na sexta-feira (25). Segundo o atleta de futsal, ele e outros dois amigos e uma ucraniana foram colocados no mesmo hotel dos outros brasileiros na intenção de conseguirem deixar o país juntos.
“Nos trataram bem, mas eles são pessoas que se acham superiores às outras. A gente sentiu um pouco isso, não de todos. Todos aqui do hotel estão impressionados com a falta de amizade, de patriotismo. Os caras do Shakhtar simplesmente foram embora sem a gente”
Moreno explica que os jogadores de futebol foram embora enquanto o trio estava no quarto descansando. “A gente se sentiu abandonado. Para eles, pode ser que a gente não seja gente, não somos do (futebol) campo, não ganhamos o salário deles”, lamentou.
“Depois que já estavam no trem mandaram mensagem. A gente deseja toda sorte do mundo pra eles, que eles cheguem bem. Mas isso não se faz”