Uma das 12 vítimas fatais da queda de um avião na ilha de Roatán, em Honduras, Aurelio Martínez era uma das estrelas da música hondurenha. Cantor, guitarrista e percussionista, ele era considerado um dos artistas mais talentosos da América Central. O artista era reconhecido ainda como um dos principais representantes da cultura e da música garífuna, uma das principais etnias caribenhas. Ele iria se apresentar em Nova Orleans, nos Estados Unidos, no dia 5 de abril.

Nascido em Honduras em 25 de setembro de 1969, Martínez cresceu em meio a uma família de músicos. Ao 15 anos, integrou sua primeira orquestra, Shahilas de Vicente Blandón, como percussionista. Em 1989, o então jovem cantor fundou, junto com Guillermo Anderson (falecido) e Lucas Calderón, o grupo Colectivarte. No mesmo período, nasceu o grupo de música e dança tradicional garífuna chamado Lita Ariran.
Mais tarde, Aurelio passou a integrar a orquestra Los Gatos Bravos, de Don Alfonso Flores “Fonchin”, com a qual ganhou notoriedade em todo o país e iniciou suas turnês internacionais, especialmente nos Estados Unidos.
Foi nessa fase que Aurelio teve a oportunidade de dividir o palco com grandes artistas como Oscar D’León, Celia Cruz (falecida), Grupo Niche e Orquesta La Luz, além de participar de festivais renomados, como o famoso Festival Calle Ocho, em Miami.
Aurelio y Los Bravos Del Caribe
Mas o sucesso veio depois que Aurelio decidiu sair dos Gatos Bravos para formar sua própria orquestra. Assim, reuniu diversos músicos e criou o grupo batizado Aurelio y Los Bravos Del Caribe.

A primeira apresentação da orquestra aconteceu em 1997, em comemoração aos 200 anos da chegada dos primeiros garífunas ao território hondurenho. Em 1998, lançaram o primeiro álbum, “Inocencia”, que consolidou Aurelio como um dos maiores expoentes da música garífuna, tanto a nível nacional quanto internacional. O grupo gravou seis álbuns e conquistou uma série de prêmios musicais no Caribe e nos Estados Unidos.
Embaixador da cultura garífuna
O artista se notabilizou pela defesa da cultura garífuna ao redor do mundo. Esse povo, também chamado garinagu, é fruto da miscigenação entre ameríndios e africanos, e é originário da ilha de São Vicente, também na América Central.
A cultura popular sempre foi uma bandeira do músico. O que levou a comunidade garífuna de Nova York realizar um tributo em homenagem a seus 30 anos de carreira em Nova Iorque, em 2015. Em sua página oficial, Martínez reafirmava seu papel como embaixador da cultura de seu povo.

“Não vamos deixar essa cultura morrer. Sei que devo continuar o legado dos meus ancestrais e encontrar novas maneiras de expressá-lo. Poucas pessoas conhecem essa cultura, mas eu a adoro, e é algo que preciso compartilhar com o mundo”, afirmava.
Avião caiu no mar logo após decolar
O avião em que o músico estava caiu no mar logo após a decolagem. A aeronave da companhia aérea Lanhsa se acidentou nas proximidades do Aeroporto Internacional Juan Manuel Gálvez, na ilha de Roatán, em Honduras, na América Central, no final da tarde de segunda-feira (17).

De acordo com a Polícia Nacional de Honduras, o avião modelo Jetstream 32, com capacidade para 33 pessoas, tinha como destino a cidade de La Ceiba, no departamento de Atlântida, também no caribe hondurenho, em um voo que duraria cerca de 15 minutos. Ainda conforme as autoridades, um minuto após a decolagem, a aeronave fez uma curva e caiu no mar.
As causas do acidente ainda são desconhecidas, e o avião está submerso a cerca de 50 metros de profundidade, de acordo com as autoridades. De acordo com o Corpo de Bombeiros local, 18 pessoas estavam a bordo da aeronave – dois tripulantes e 16 passageiros. Na última atualização sobre a operação do resgate, os bombeiros confirmaram a morte de 12 pessoas.
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