Há quatro anos, no dia 6 de junho de 2016, a vida da estudante Sara Emanoele Pombo passou a ser sinônimo de superação. Após um trágico acidente, a acadêmica de medicina passou a ser mais uma paciente em um hospital de Maringá. Ao todo foram 30 dias internada, 19 deles com a vida em risco na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após duas cirurgias na cabeça, Sara ainda lutava pela vida.

O dia mais trágico da história da jovem se passou em uma segunda-feira chuvosa. O motorista do carro em que estudante estava indo para faculdade perdeu o controle da direção. Chovia muito no momento do acidente e o veículo aquaplanou, bateu em uma árvore no canteiro central e depois invadiu a pista contrária, colidindo violentamente contra um outro veículo.

Dos três passageiros que estavam no carro, Sara foi a que mais ficou ferida. Com um traumatismo crânio encefálico e graves ferimentos no pescoço, a jovem foi levada entubada ao hospital.

“Nós achamos que a Sara não iria nem chegar ao hospital, em decorrência do que o Corpo de Bombeiros nos passou”, conta um dos médicos da equipe do Samu, Maurício Lemos.

Ao olhar as tomografias realizadas pela paciente parecia que tudo ficava pior. O inchaço e as lesões na cabeça era tão graves que mesmo tentando manter as esperanças, os médicos acreditavam que dificilmente a jovem iria sobreviver.

“Eu fui uma das pessoas que falaram ‘que pena, uma moça com tanta coisa bacana pela frente, essas lesões são extremamente complicadas e dificilmente ela vai se manter viva”, recorda Lemos.

Com o passar dos dias Sara foi melhorando. Após sobreviver ao acidente, a jovem ainda teria outras lutas pela frente, como por exemplo superar as sequelas de todo aquele horror.

“Eu não lembrava nada do acidente. Eu vi algumas fotos do dia e tem uma em que eu estava enrolada no papel aluminio e eu olhava e pensava ‘eu morri?”, relembra a jovem.

Levada para Umuarama, na casa dos pais, todo dia a jovem revivia as dores do acidente.

” Eu acordava e olhava para cima e pensava, o que eu estou fazendo em Umuarama? Era para eu estar em Maringá, na faculdade.”

Sara recorda que toda vez em que ia descer da cama, ele notava que o lado direito do corpo não respondia. Desesperada, a jovem chamava a mãe que dia após dia recordava a menina de toda a história do acidente. Ambas choravam.

“Minha família tinha que me responder tudo e me explicar tudo todo o dia.”

A volta à faculdade de medicina

Com muita fisioterapia e determinação, a vida de Sara foi voltando ao novo normal.

“Foi em agosto que minha memória caiu, então eu virei para minha mãe e falei ‘e a faculdade? Eu não vou trancar a faculdade, eu tenho que tentar”, lembra a jovem de como pensou em voltar a estudar.

Após a recuperação física, a neuropsicóloga passou a analisar o cognitivo da jovem. No dia do resultado do exame, o pai de Sara foi com ela na consulta. Como sequela do acidente, a jovem passou a ter transtorno de déficit de atenção, entretanto o QI (Quociente de inteligência) ficou em torno de 108.

Sem entender o significado daquilo, o pai da jovem perguntou se ela poderia realmente voltar. A resposta da médica emocionou a todos.

“Ela não pode, ela deve. Precisamos de gente assim”, lembra Sara das palavras ditas no consultório.

No retorno às aulas, um encontro emocionante. Por coincidência do destino, Maurício Lemos, médico que ajudou a salvar a vida da garota, era o novo professor da jovem.

“Lembro que na primeira aula eu chorei muito. Ele chegou em mim e falou ‘Sara, né?’ e me deu um abraço”, recorda da primeira vez que viu o médico, e agora professor, que salvou sua vida.

Sobrevivente, Sara segue no quarto ano de medicina, rumo ao futuro de ser médica, rumo ao futuro de cuidar daqueles que assim como ela, precisam de carinho, atenção e muita fé em dias melhores.

Assista ao vídeo da história de Sara: