O acidente entre um avião com 64 pessoas a bordo e um helicóptero do Exército norte-americano, com três ocupantes, ocorrido na quarta-feira (29), nas proximidades do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, nos Estados Unidos, segue sob investigação das autoridades locais.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Washington e a Autoridade de Aeroportos da capital, não há sobreviventes. Até o início da tarde desta quinta-feira (30), ao menos 30 corpos já foram recuperados das águas congelantes do Rio Potomac.
O acidente ocorreu em um dos espaços aéreos mais controlados e monitorados do mundo, a pouco mais de 5 quilômetros da Casa Branca e do Capitólio dos EUA. Confira o que já se sabe sobre a colisão:
Como foi o acidente
A colisão aérea aconteceu por volta das 21h de quarta-feira, no horário local, quando um avião comercial, no final de um voo vindo de Wichita, Kansas, colidiu com um helicóptero militar em um exercício de treinamento, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA).
Poucos minutos antes do pouso, os controladores de tráfego aéreo perguntaram ao voo 5342 da American Airlines se poderia aterrissar em uma pista mais curta, e os pilotos concordaram. Os controladores liberaram o jato para pouso, e sites de rastreamento de voos mostraram a aeronave ajustando sua aproximação para a nova pista.
Colisão ocorreu quando avião se preparava para pouso
Menos de 30 segundos antes do acidente, um controlador de tráfego aéreo perguntou à tripulação do helicóptero se eles tinham o avião à vista. Momentos depois, o controlador fez outra chamada de rádio para o helicóptero: “PAT 25, passe atrás do CRJ”. Não houve resposta. Segundos depois, as duas aeronaves colidiram.

O transponder de rádio do avião parou de transmitir quando a aeronave estava a cerca de 700 metros da cabeceira da pista, sobre o rio Potomac.
Resgate em condições difíceis
Logo após a colisão acidente as equipes de resgate passaram a vasculhar as águas geladas do rio em busca dos corpos das vítimas. Imagens mostravam barcos ao redor de uma asa parcialmente submersa e o que parecia ser a fuselagem retorcida da aeronave.
Ainda durante a noite, helicópteros sobrevoaram a região com potentes holofotes, escaneando as águas turvas, enquanto veículos de emergência iluminavam as margens do Potomac com uma longa linha de luzes vermelhas piscando. Em pleno inverno no hemisfério norte, a temperatura da água estava pouco acima do ponto de congelamento.
As baixas temperaturas são um desafio extra para os cerca de 300 socorristas envolvidos na operação de resgate. O chefe do Corpo de Bombeiros e Serviços Médicos de Emergência de Washington, John A. Donnelly, afirmou em entrevista coletiva que as condições são “extremamente difíceis”, devido ao frio intenso e aos ventos fortes. O rio Potomac tem cerca de 2,5 metros de profundidade na área onde a aeronave caiu após a colisão. “A água está escura, turva”, disse Donnelly.

Senador lamenta mortes
De acordo com as autoridades, todas as 64 pessoas a bordo do avião, além dos militares que estavam no helicóptero, morreram. O senador Roger Marshall, do Kansas lamentou o acidente. “Quando uma pessoa morre, é uma tragédia, mas quando muitas, muitas pessoas morrem, é uma dor insuportável”.
Grupo de patinadores e treinadores estava no jato
Entre os passageiros do jato estava um grupo de patinadores artísticos, seus treinadores e parentes. Eles retornavam de um encontro de desenvolvimento realizado após o Campeonato Nacional de Patinação Artística dos EUA, em Wichita, informou a USFSA (sigla em inglês da Federação de Patinação Artística dos Estados Unidos).
A organização confirmou que “vários membros da comunidade da patinação” estavam no voo, sem fornecer mais detalhes. “Estamos devastados por esta tragédia indescritível e temos as famílias das vítimas em nossos corações”, diz o comunicado da USFSA. “Continuaremos acompanhando a situação e divulgaremos mais informações conforme estiverem disponíveis.”

Presidente questiona atuação de militares e controladores de tráfego
Em uma postagem na Truth Social, o presidente Donald Trump questionou as táticas do helicóptero militar e a atuação dos controladores de tráfego aéreo. Ambas as agências subordinadas a ele como presidente. Ele escreveu que o “avião estava em uma linha de aproximação perfeita e rotineira por um longo período de tempo” em uma “NOITE CLARA”.
Em seguida, Trump pergunta: “Por que o helicóptero não subiu, desceu ou virou?” e “Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer, em vez de perguntar se eles viam o avião?”
Em outra postagem, logo na sequência, o presidente acrescentou: “Que noite terrível foi essa. Deus abençoe a todos!”
Helicóptero estava em voo de treinamento
O Exército dos EUA informou que o helicóptero que colidiu com o jato de passageiros era um UH-60 Blackhawk baseado em Fort Belvoir, na Virgínia. Três soldados estavam a bordo da aeronave, segundo um oficial do Exército. A corporação informou ainda que o helicóptero estava em um voo de treinamento.
Situação de rotina, já que aeronaves militares frequentemente realizam voos de treinamento na área congestionada e altamente restrita do espaço aéreo em torno da capital do país. Exercícios que servem para que os militares estejam familiarizado com a região para possíveis intervenções em caso de ameaça à segurança do presidente ou outras autoridades governamentais.
Aeroporto fica às margens do rio onde aeronaves caíram
Localizado às margens do rio Potomac, a sudoeste de Washington, o Aeroporto Nacional Ronald Reagan é uma escolha popular por estar mais próximo da cidade do que o Aeroporto Internacional Dulles. Todas as decolagens e pousos no Aeroporto Reagan foram interrompidos após o acidente, e retornam apenas nesta quinta-feira.
A capital americana, no entanto, é protegida pela Base Aérea de Anacostia, que fica do outro lado do rio em relação ao aeroporto. Além disso, o Pentágono, a Casa Branca e o Congresso também ficam muito próximos do local também.
Investigação irá apurar causas do acidente
Os investigadores tentarão reconstruir os momentos finais das aeronaves antes da colisão, incluindo o contato com os controladores de tráfego aéreo e a perda de altitude do jato de passageiros.
Quais são as aeronaves envolvidas
O helicóptero militar envolvido no acidente aéreo é o modelo Black Hawk UH-60M, usado pelas forças armadas dos Estados Unidos. Ele tem um peso bruto de no máximo 10 toneladas e consegue carregar até quatro toneladas de suprimentos como carga interna ou externa.

Ao todo, 12 militares sentados totalmente equipados podem ser transportados no helicóptero Black Hawk. Estima-se que os Estados Unidos tenham cerca de 5 mil aeronaves desse tipo em uso pelo exército.
O avião comercial que caiu é um jato Bombardier CRJ700 da American Airlines. O voo 5342 partiu de Wichita, no estado de Kansas, e tinha Washington como destino final.
O avião é usado em voos regionais e tem capacidade para acomodar 70 pessoas. De acordo com a Cirium, empresa de dados de aviação, existem cerca de 260 aviões como este operando em todo o mundo.
Histórico de acidentes fatais
Acidentes fatais envolvendo aviões comerciais nos EUA tornaram-se raros nas últimas décadas. O último ocorreu em 2009, perto de Buffalo, no estado de Nova York. Todos os 45 passageiros e quatro tripulantes morreram quando um Bombardier DHC-8, movido a hélice, caiu sobre uma casa, matando também uma pessoa em solo.
O incidente desta quarta-feira relembra ainda o acidente de um voo da Air Florida, que caiu no mesmo rio Potomac, em 13 de janeiro de 1982, matando 78 pessoas. Esse acidente foi então atribuído ao mau tempo.
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