Na manhã deste domingo (22), um avião caiu em Gramado, na serra do Rio Grande do Sul, no Sul do Brasil, deixou 10 pessoas mortas e pelo menos 17 feridas. O avião turboélice bimotor pertencia ao empresário Luiz Cláudio Galeazzi, que também estava pilotando a aeronave. Galeazzi viajava com a esposa, três filhas, a sogra, outro casal e duas crianças. Todos morreram no acidente.

avião cai gramado e deixa 10 mortos
Avião tinha decolado minutos antes, em Canela (Foto: Eddy Castro / ASI/ Estadão Conteúdo)

No trajeto da queda até o contato com o solo, o avião atingiu quatro imóveis: primeiro bateu na chaminé de um prédio, depois atingiu o segundo andar de uma casa ocupada por uma pessoa, que não se feriu, e a seguir em uma loja – que estava vazia pois a gerente havia se atrasado devido ao trânsito. Por fim, a aeronave parou em uma pousada, onde duas pessoas ficaram feridas em estado grave devido as queimaduras.

Câmeras de segurança flagraram o momento em que o avião caiu, pouco antes das 9h15, causando uma explosão (clique aqui e assista ao vídeo). É possível perceber que quem estava na região se assusta com o estrondo e as chamas começaram logo em seguida, com muita fumaça.

O atendimento começou logo em seguida e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se deslocou até a Avenida das Hortências, onde a queda foi registrada, para acompanhar a situação de perto. De acordo com Leite, todas as forças do Estado foram mobilizadas para a tragédia. Ele ainda se solidarizou com as famílias das vítimas que perderam seus entes queridos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também prestou solidariedade aos familiares dos mortos no acidente e desejou rápida recuperação aos feridos. “A Aeronáutica investiga as causas do acidente e o governo federal está à disposição do governo do Estado e das autoridades locais para esclarecermos (o acidente) o mais breve possível.”

Investigação sobre queda de avião em Gramado

Em nota, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), informou que o caso está sendo investigado pelo Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V), localizado em Canoas, no RS.

“Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação”, informou a FAB.

Condições de voo

O avião tinha saído do Aeroclube de Canela, também no RS, minutos antes da queda. Câmeras de segurança registraram o momento em que a aeronave se preparava para decolar (clique aqui e assista). A pista estava molhada e havia neblina na região.

Marcelo Sulzbach, presidente do aeroclube de Canela, afirmou que as condições meteorológicas pioraram consideravelmente exatamente no momento da decolagem. “O teto estava um pouco baixo, com nevoeiro. No momento que a aeronave iniciou o taxiamento, a meteorologia mudou”, afirma. Segundo ele, Canela é uma cidade que conta com um clima mais volátil, suscetível a mudanças rápidas.

“[O clima] Deu uma boa piorada. O nevoeiro engrossou após a decolagem”, diz Sulzbach. Segundo ele, a densa neblina pode ter aumentado a carga de trabalho do piloto, que teria precisado confiar exclusivamente nos instrumentos, dada a falta de visibilidade. “Dentro da nuvem, não tem referência.”

De acordo com Sulzbach, o aeródromo não conta com controle de tráfego aéreo e opera apenas em condições de voo visuais. Nessas situações, cabe aos próprios pilotos coordenar as manobras e decidir se as condições são seguras para a decolagem. “A decisão de decolar ou não é do piloto. Agora temos de esperar a investigação para elucidar os fatos.”

Situação da aeronave

De acordo com o registro na Anac, o avião de prefixo PR-NDN foi fabricado em 1990 e tinha nove assentos. Não havia restrições e tinha situação de aeronavegabilidade normal. A validade do chamado Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade venceria somente em 25 de março de 2025.

Viagem em família

O empresário Luiz Cláudio Galeazzi, CEO e sócio da Galeazzi & Associados, desembarcou em Gramado com a família na sexta-feira (20). Ele estava com a esposa, três filhas, a sogra, um casal de amigos e duas crianças na aeronave, que tinha como destino Jundiaí, no interior de São Paulo.

A Galeazzi & Associados é uma empresa de reestruturação de negócios, criada pelo pai de Luiz, Cláudio Galeazzi. O pai morreu em 2023, devido a um câncer. A mãe de Luiz morreu em 2010, também vítima de uma queda de avião enquanto viajava em uma aeronave registrada no nome do filho.

Veja lista de vítimas que morreram na queda do avião:

• Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi: piloto
• Tatiana Natucci Niro: esposa de Galeazzi
• Maria Eduarda Niro Galeazzi: filha de Galeazzi e Tatiana
• Maria Elena Niro Galeazzi: filha de Galeazzi e Tatiana
• Maria Antonia Niro Galeazzi: filha de Galeazzi e Tatiana
• Lilian Natucci: sogra de Galeazzi
• Veridiana Natucci Niro: irmã de Tatiana (esposa de Galeazzi)
• Bruno Cardoso Munhoz Guimarães Araújo: marido de Veridiana
• Giulia: filha de Veridiana e Bruno
• Matteo: filho de Veridiana e Bruno

Balanço de acidentes aéreos no Brasil

Conforme dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), da Força Aérea Brasileira (FAB), 138 pessoas já morreram em 2024 em acidentes com aviões e helicópteros. No total, foram 186 casos, dos quais 48 resultaram em óbitos. Os dados estão atualizados até 5 de dezembro – e, portanto, não incluem as vítimas do acidente de ontem.

Em todo o ano passado, haviam sido 77 mortes, o que configura alta de 80%. Em 2022, os acidentes aeronáuticos mataram 49 pessoas e, em 2021, foram 68 vítimas. Já em 2020 morreram 55 pessoas.

Os números deste ano foram agravados pelo acidente com o avião da Voepass, no dia 9 de agosto, em Vinhedo, no interior de São Paulo, que deixou 62 mortos. O ATR 72-500 da empresa decolou de Cascavel (PR) e tinha como destino o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo.

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Daniela Borsuk

Editora-chefe

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.