Acusado de matar ex-esposa a facadas em Curitiba afirma ter medo de morrer na prisão

Curitiba - José Luiz Rissardo, acusado matar a ex-esposa e ferir os filhos durante um ataque em 21 de outubro, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), disse que tem medo de morrer na prisão. O réu passou a cumprir custódia no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, após pedir a transferência durante uma audiência judicial.

A solicitação foi apresentada na sessão realizada no dia 6. No depoimento, José Luiz exibiu ferimentos na cabeça e afirmou que as marcas surgiram logo após o assassinato. Segundo ele, os pontos estariam abrindo dentro da prisão. O acusado também declarou que os machucados teriam sido provocados pelos próprios filhos, que tentaram impedir o ataque contra a mãe.

“Aqui é um lugar que, às vezes, eu corro um sério risco de vida. Sobre o crime que eu cometi, é meio… até me comunicaram pra eu não falar nada e ficar em silêncio aqui dentro da prisão”, afirmou durante a audiência, em trecho obtido pela Ric RECORD.

Acusado de matar ex-esposa a facadas tem denúncia aceita pela Justiça

O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou José Luiz Rissardo por feminicídio consumado, tentativa de feminicídio, tentativa de homicídio qualificado e ameaça. A acusação concluiu que o acusado matou a ex-esposa a facadas e atacou os dois filhos dentro da panificadora da família na CIC.

A Justiça aceitou a denúncia ao considerar que havia elementos suficientes de autoria e materialidade. O entendimento teve como base relatos das vítimas sobreviventes, histórico de ameaças e descrição da dinâmica do ataque, entre outros pontos levantados pelo Ministério Público, como premeditação e o fato de o crime ter ocorrido diante dos filhos. O caso seguiu para a fase de instrução.

“A defesa vê com serenidade e tranquilidade o início da persecução propriamente, que é um momento processual oportuno para firmar sua tese e ouvir testemunhas. O José vai responder pelos crimes que estão sendo imputados”, disse à Ric RECORD o advogado Márcio Lourenço, que representa o acusado.

Depoimentos dos filhos e histórico de ameaças

Os filhos de Claudia Valéria de Souza Rissardo, de 45 anos, morta no ataque, relataram que o pai fazia ameaças e controlava a rotina da mãe. Eles também afirmaram que ele obrigava Claudia a manter relações sexuais e já planejava o crime dias antes.

O filho, de 19 anos, contou que José Luiz gastava cifras altas em sites de relacionamento enquanto as despesas da casa e da empresa acumulavam atrasos.

“Ele contava para essas mulheres que era divorciado há três anos. Ele era viciado em sexo. As paredes da nossa casa são bem finas e eu já escutei ela pedindo pra ele parar, mas ele não parava”, relatou.

Medida protetiva e dinâmica do crime

Claudia pediu medida protetiva de urgência no dia 18 de outubro. A ordem foi concedida, mas o agressor não tinha sido localizado para ser notificado.

O ataque ocorreu dentro da panificadora onde a família vivia e trabalhava. A investigação aponta que José Luiz empurrou um carrinho de pães contra a filha e esfaqueou Claudia pelas costas. A jovem tentou impedir o ataque e foi atingida no tórax. “Ele olhou bem no meu olho e falou: ‘Você que foi malcriada comigo, agora vai ser a sua vez’”, contou.

Imagens de câmera de segurança mostram o filho de Claudia pedindo ajuda na entrada do estabelecimento. Ele aparece pegando um cavalete de anúncios para tentar interromper o ataque do pai.

Marcos José de Souza, irmão de Claudia, afirmou que o crime foi planejado. “Ele afiou as facas antes de entrar. Ele veio pelos fundos, subiu o telhado e foi direto nela”, disse.

Um dos filhos relatou que, ao ser socorrido, o pai também fez ameaças. “Quando ele foi sair na maca, ele olhou no meu olho e falou que eu tinha escapado, mas que ele ia sair da cadeia e ia me levar junto”, relatou.

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