Lídia Mayara da Silva, irmã do adolescente que matou a mãe Shirlei Bueno da Silva, de 52 anos, e esfaqueou o padrasto Agnaldo Rosa, de 67 anos, em Londrina, no norte do Paraná, na manhã desta quinta-feira (31), declarou que já havia conversado com as vítimas sobre o comportamento do jovem.
De acordo com ela, era visível que o irmão, de 15 anos, não agia normalmente e, por isso, ele estava passando por um tratamento psicológico. “Uma amiga da minha mãe me ligou e falou ‘você pode vir aqui’. Eu falei ‘me fala porque eu já sei o que aconteceu’ porque ele já dava sinal que ele era problemático e eu falei “Talita, só me fala. Eu vou, só me fala. Ela falou ‘não, sua mãe tá machucada’. Eu já sabia que ela não tava mais viva. Ele é doente, a família inteira já falou”, desabafou.
“Eu falava ‘mãe, vamos fazer alguma coisa’ e meu padrasto falava ‘ele tá querendo chamar atenção, vamos ter paciência com ele’. Eu falava ‘gente, ele precisa ser internado, ele precisa. Ele já dava indícios de que ele não estava bem”, disse Lídia.
Adolescente que matou a mãe fazia tratamento psicológico
A irmã também questiona o diagnóstico dado pelos psicólogos por quais o adolescente que matou a mãe passou. Ela pontua que nenhum deles identificou, em momento algum, algum desvio de personalidade que pudesse colocar a vida dele ou de outras pessoas em risco.

Mas mesmo com a falta do diagnóstico, Lídia lembra que tentou alertar a família.“A minha mãe tava correndo, levava ele pra psicólogo. Mas vou até falar, é um alerta porque assim, eu não sei o que esses três psicólogos que meu irmão passou falou que ele era normal, os três. Eu falei: onde que vocês estudaram?, que que você fizeram porque não é normal esse menino. Um muleque de 15 anos que não trabalha, que dorme 5h da manhã e acorda às 5h da tarde do outro dia. O dia inteiro dentro do quarto. Eu falava ‘mãe, vamos fazer alguma coisa e meu padrasto falava ‘ele tá querendo chamar atenção, vamos ter paciência com ele’. Eu falava ‘gente, ele precisa ser internado, ele precisa. Ele já dava indícios de que ele não estava bem. Esse jogo de matar, ele dizia no status do WhastApp que era o fim, que a vida dele não tinha mais salvação, que ele ia matar ou que ele ia morrer. Eu dava print e falava ‘mãe, olha o que o […] posta, isso não é normal”, disse Lídia.
Filho mais novo tinha tudo
Inconformada, Lídia fez questão de salientar que irmão era o caçula de três filhos e que, ao contrário dos mais velhos, sempre teve tudo o precisava. Além disso, era tratado com todo o carinho do mundo tanto pela mãe como pelo padrasto.“ Ela fez de tudo, de tudo por ele, eu sempre falei, a gente nunca teve o que ele tem. Minha mãe sempre trabalhou pra dar o pouco pra gente. Depois que eu casei, ela teve uma condição de vida melhor. Então, tudo o que ela não deu pra mim e pro meu outro irmão, ela dava pra ele. Tudo. Ele tinha tudo que eu nunca tive e ele fez isso”, finalizou.

“Então, tudo o que ela não deu pra mim e pro meu outro irmão, ela dava pra ele. Tudo. Ele tinha tudo que eu nunca tive e ele fez isso”, contou a irmã do adolescente que matou a mãe.
Entenda o caso
De acordo com o perito José Danilson, do Instituto de Criminalística, Shirlei e o marido, que é ex-secretário de Obras do município, estavam no quarto do apartamento quando o crime aconteceu. Tudo indica que ambos dormiam quando foram atacados por volta das 6h.
“Ela teria uma lesão na região da barriga, uma nas costas e uma no joelho, e foi encontrada em cima da cama […]. A faca apreendida era uma faca de churrasco, estava limpa, e foi apreendida para fazer pesquisa de sangue e se teria sido aquela usada. […]. Não houve sinais de luta corporal”, explicou o perito.

Após matar a mãe e ferir o padrasto, ele fugiu do local e se escondeu no Colégio Estadual Machado de Assis, onde estudava, e pouco tempo depois foi apreendido. Junto com o adolescente, a polícia encontrou uma máscara de caveira de Halloween, preta e branca, que pode ser sido usada durante o assassinato, e a faca de churrasco, que será periciada.
Conforme o tenente Renan Brado, da Patrulha Escolar, o garoto não reagiu à apreensão e não deu motivos para ter matado própria mãe.
Agnaldo foi socorrido, passou por uma cirurgia no Hospital do Coração e permanece internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já sua esposa morreu antes da chegada da ambulância.