A família do adolescente Matheus Gnach, de 16 anos, que morreu no último sábado (19) pede justiça e esclarecimentos sobre a morte do rapaz, no bairro Tatuquara, em Curitiba. De acordo com uma irmã da vítima, o jovem foi obrigado a engolir 16 cápsulas de cocaína, que levaram o jovem a ter paradas cardíacas e morrer. Nesta terça-feira (22), um protesto dos moradores tomou conta da Avenida Pero Vaz de Caminha.
Os moradores do bairro e familiares exigem explicações da Polícia Militar (PM) sobre a ocorrência. De acordo com uma testemunha, Matheus foi obrigado pelos policiais a engolir a droga.
Protesto bairro Tatuquara (FOTO: REPRODUÇÃO/ RIC)
O Tenente Coronel Carlos Alberto Rodrigues Assunção conversou a equipe da RIC e informou que está investigando o caso e os policiais envolvidos já foram transferidos e não vão mais patrulhar no bairro Tatuquara.
Vítima pede socorro para irmã
O caso aconteceu no final da manhã da última sexta-feira (18). Matheus Gnach saiu de casa, onde morava no bairro Tatuquara, de bicicleta junto com um amigo. Instantes depois o adolescente voltou para casa e pediu ajuda para a irmã Milena.
“Eu estava fazendo comida e ele voltou com a bicicleta, com as coisas dele todas jogadas na porta da cozinha. Ele jogou e falou pra mim ‘olha Mi o que fizeram comigo’, eu falei como assim Matheus, o que aconteceu? Daí ele falou ‘eles fizeram eu engolir cápsulas de cocaína, 16 cápsulas’ eu falei, sério Matheus? Daí eu fiquei desesperada e ele foi direto na geladeira e tomou água. Depois saiu aqui para frente e eu fiquei terminando minha comida. Logo veio a vizinha aqui da frente me chamar e ele já estava caído aqui fora. Já estava tudo roxo, sem pulso. Aí chamamos o Siate”, relatou a irmã do rapaz.
Matheus então teve a primeira parada cardíaca e foi encaminhado pela ambulância para o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie. Lá o adolescente foi reanimado e ficou em observação. “Minha mãe passou a noite com ele, mas daí no sábado ele teve uma nova parada cardíaca”, conta a irmã em lágrimas. A instituição confirmou a morte do rapaz na manhã de sábado (19).
(FOTO: REPRODUÇÃO/ FACEBOOK)
Testemunha conta que viu abordagem
“Isso aí pra mim não foi um excesso de poder, foi excesso de ódio. O policial fez ele comer as buchas realmente, eu vi. Fez ele (Matheus) colocar na própria boca e engolir. Eu não posso dizer que eu ouvi nada, porque o policial falava baixo para ninguém ouvir”, este é o relato de um homem que acompanhou a abordagem policial na última sexta-feira (18).
Segundo o morador, que não quer se identificar por segurança, a ação foi rápida e os policiais fizeram tudo bem discreto, para não chamar a atenção de ninguém.
Uma semana antes de morrer, Matheus enviou uma mensagem de áudio para um amigo informando que havia sofrido uma abordagem policial e tinha sido cobrado pelos militares. “O cara veio pedir acerto pra mim. Eles falaram que quer acerto. Os cara cataram nós dentro do bar lá”, falou Matheus em relação a um possível valor que os traficantes teriam que pagar para os policiais.
Protesto no Tatuquara
Em represália a morte de Matheus, nesta terça-feira (22), moradores e familiares organizaram um protesto na avenida Pero Vaz de Caminha com a rua Arcésio de Barros Lima, no bairro Tatuquara, em Curitiba. Com faixas e cartazes pedindo justiça, os manifestantes chegaram a interditar a via com uma queima de objetos.
“O que fizeram com ele. Não podiam fazer isso, ele era uma criança. Levassem ele preso, que batessem nele então, não precisava fazer isso com ele. Todo mundo gostava dele aqui. O que fizeram com ele foi uma covardia”, contou a inconformada irmã Giana Gnach.
(FOTO: REPRODUÇÃO/ RIC)
Inquérito policial investiga o caso
Em entrevista a RIC nesta quarta-feira (23), o Tenente Coronel Carlos Alberto Rodrigues Assunção, que é o responsável pela região do Tatuquara, informou que o caso já está sendo investigado.
“Eu já determinei instauração do inquérito policial militar para apurar os fatos. Os policiais foram ouvidos apenas informalmente por enquanto e disseram que estavam na região patrulhando, efetuaram abordagens de várias pessoas ali. E vamos, ainda no curso do inquérito ver”, falou o militar.
O Ten. Cel. também ressaltou que as investigações já apontaram a existência de câmeras de segurança próximo ao local, que podem colaborar com o caso. “Os policiais acharam já uma câmera de segurança, que talvez tenha imagens da abordagem. Essas imagens vão ser de suma importância para elucidação do caso, porque vai se verificar como que se de fato aconteceu a dinâmica. Eles (policiais envolvidos) foram para outro serviço que não vão mais patrulhar o Tatuquara”, concluiu.
Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.
Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.
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