A advogada paranaense Tatiane Spitzner foi morta por asfixia. (Foto: Reprodução/Facebook)

Ainda segundo o documento, Tatiane Spitzner foi assassinada por esganadura com sinais de crueldade

A advogada paranaense Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi morta por asfixia mecânica, provocada por esganadura e com sinais de crueldade, segundo laudo divulgado, nesta quinta-feira (20), pelo Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava, no centro-oeste do Paraná. (Veja abaixo) 

O principal suspeito da autoria do crime é Luis Felipe Manvailer, marido da vítima e preso preventivamente desde o dia 22 de julho. No dia 8 de agosto, a Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP-PR) contra ele. De acordo com  o documento, Manvailer irá responder por homicídio qualificado – com quatro agravantes, entre eles, feminicídio -, fraude processual e cárcere privado. 

O laudo sobre a morte de Tatiane Spitzner foi divulgado nesta quinta. (Foto: Reprodução/IML)

 

Ferimento no osso hioide da advogada

Um laudo do Ministério Público (MP-PR), feito pelo Instituto de Criminalística, já apontava que a advogada apresentava um ferimento no osso hioide, típico de quando ocorre asfixia ou estrangulamento na vítima. No documento se lê: “estigmas ungueais nas regiões laterais do pescoço, característica de esganadura, além de “fratura, de percepção palpável, do osso hióide.

Laudo pericial no apartamento

O Laudo Pericial da Polícia Científica do Paraná sobre a reprodução da morte de Tatiane, anexado ao processo do Ministério Público do estado no dia 30 de julho, também contesta a versão dada pelo marido da advogada sobre a forma como ela caiu da sacada do apartamento. O parecer dos peritos é de que a queda foi um desequilíbrio involuntário ou abandono de corpo inerte e não que ela teria se jogado, como afirma Manvailer.

Posição da família Spitzner

Em nota, a família Spitzner informou ter recebido com enorme tristeza “a confirmação de que Tatiane já estava morta quando foi jogada da sacada por Luis Felipe Manvailer”. Os advogados de acusação do marido da jovem também comunicaram que esperam ter acesso ao laudo, mas que, para eles “ é mais uma prova de que o acusado mente: ele a matou dentro do apartamento, submetendo-a um período prolongado de violentas agressões físicas. Não houve suicídio, mas feminicídio e fuga do criminoso”.

O outro lado

Já a Defesa Técnica de Manvailer informou, também por nota, que “até o momento o laudo de necropsia não foi juntado aos autos, não tendo a defesa ciência de seu inteiro teor, e, por isso, não poderá se manifestar.”

Relembre o caso Tatiane Spitzner

Tatiane foi encontrada morta pela polícia dentro do próprio apartamento onde vivia com o marido na madrugada, por volta das 3h, do dia 22 de julho, após sofrer uma queda do quarto andar do prédio. Ao atender o chamado, policiais encontraram manchas de sangue na calçada e nos corredores do edifício.

Segundo as investigações, horas antes, Luis Felipe estava em uma casa noturna comemorando seu aniversário com a esposa quando ela pediu para ver o celular do marido. Com a negativa de Luis, uma discussão teria iniciado e se agravado após a chegada dos dois no apartamento onde viviam. Em depoimento, Manvailer disse à polícia que a briga continuou em casa e que Tatiane foi para a sacada do apartamento e se jogou. A versão é contestada pela acusação, que acredita que o marido jogou Tatiane.

Após a queda da jovem, Luis Felipe desceu até a frente do prédio e foi flagrado por um vizinho no momento em que carregada o corpo da esposa de volta para o apartamento. Na época, uma testemunha contou à equipe da RICTV Curitiba|Record PR que presenciou partes do acontecimento. “De onde eu estava de cima, não dava para ver o corpo dela, porque ela caiu do lado do meu carro. Nisso, eu vi que o Luis Felipe saiu chorando de lá.. não sei o que ele foi fazer. Eu desci correndo e foi aí que eu chamei o bombeiro. O bombeiro não atendeu e, aí, eu falei para ele: ‘deixa aí que eu to chamando o bombeiro’. Ele me olhou e disse: “Não adianta, ela já está morta”, contou.

Outros moradores do prédio também relataram aos policiais que ouviram gritos e discussão antes da queda de Tatiane:

Trecho do depoimento de vizinhos. (Foto: Reprodução/Polícia Civil)
Imagens das câmeras de segurança

Câmeras de segurança do prédio flagraram inúmeras agressões de Luís contra Tatiane, desde a chegada de ambos na frente do edifício, no estacionamento e no elevador. Também foi filmado o momento que o jovem carrega a esposa morta de volta ao apartamento e limpa o sangue do elevador. Todas foram anexadas ao processo de acusação do MP-PR.

Existem ainda imagens que mostram o marido da advogada fugindo do local após o ocorrido. Luis pegou o carro da esposa e seguiu sentindo Foz do Iguaçu, no oeste do estado e na divisa com o Paraguai. Porém, acabou se envolvendo em um acidente de trânsito na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, próximo de Foz, abandonou o veículo e foi preso ao ser flagrado vagando às margens rodovia.

Manvailer agrediu a esposa no elevador antes de sua morte. (Foto: Reprodução/Câmeras de Segurança)
Testemunhos de relação abusiva

Testemunhos colhidos pela Polícia Civil e que embasaram a acusação do MP-PR contra a Felipe, relatam que o casal vivia uma relação abusiva e que por inúmeras vezes Tatiane falou que gostaria de se separar do marido.

Entre as histórias contadas, estão: um episódio em que Manvailer rasgou uma shorts da esposa, depois que mexeram com ela na rua; que Tatiane já havia reclamado que o marido era grosseiro e possessivo e que, inclusive, quando ela falou com ele sobre a separação, sua atitude foi chutar uma garrafa que estava em sua frente; que a vítima também teria relatado que o marido a diminuía, humilhava, inventava apelidos vexatórios e, muitas vezes, dizia ter nojo e ódio dela, entre outros.

No testemunho do pai de Tatiane, Jorge Spitzner, ele lembra que na época em que o casal viveu na Alemanha, uma colega de trabalho de Tatiene percebeu marcas no braço da jovem e que ela usava roupas longas mesmo em dias quentes, possivelmente para escondê-las.

O marido da advogada Tatiane Spitzner é acusado pela morte da esposa. (Foto: Reprodução/Facebook)