
Detenta rendeu a funcionária da penitenciária de Piraquara com um caco de vidro e abriu outras celas
Uma agente penitenciária e seis presas estão sendo mantidas reféns no Presídio Central Estadual Feminino de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, desde a tarde dessa quinta-feira (9).
A rebelião, que já havia sido anuncia há três meses, começou por volta das 17h de ontem. De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindaspen), uma presa do bloco B rendeu a agente penitenciária, identificada inicialmente como Ana Paula, com um caco de vidro; em seguida, pegou as chaves e abriu todas as celas do bloco C.
A principal motivação da rebelião é chamar a atenção do Estado para condições mínimas de dignidade, como alimentação, celas menos lotadas, entre outros direitos básicos. Segundo a Sindaspen, durante o dia, são disponibilizadas 20 agentes para quase duzentas presas. Mas, à noite, o número é drasticamente reduzido para apenas cinco funcionárias.
No meio da manhã de sexta, a tropa de choque da Polícia Militar (PM) entrou na parte do presídio onde as presas estavam concentradas e detonou um dispositivo de fumaça, fazendo com que a rebelião se espalhasse por toda a unidade que contém aproximadamente 400 presidiárias no total.
Além de Policiais Militares do Bope, estavam presentes, durante toda a noite e madrugada, a chefia do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e socorristas dos Bombeiros.
Entrevista com agente refém
Durante o programa Balanço Geral Curitiba, a produção conseguiu fazer contato com a agente penitenciária Ana Paula, que é mantida refém dentro do presídio feminino. O contato foi realizado pelo celular do advogado de uma das detentas amotinadas. A agente pediu que o Depen atenda as reividicações das presas relacionadas a melhores condições dentro da penitenciária e disse: “Se o Depen demorar mais em atender, elas vão me matar aqui dentro. Elas não estão para brincadeira”.
Ana Paula disse que está bem fisicamente, não tem nenhum ferimento e que as presas estão lhe dando comida.
As presidiárias pedem que a realização de um mutirão judiciário e a presença de representantes da Comissão de Direitos Humanos para liberar a refém.
Nota do Departamento Penitenciário do Paraná
O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) informa que retomou as negociações com as presas da Penitenciária Feminina de Piraquara após um incidente dentro da unidade – quando foi detonado um artefato. O Diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, assim como o juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), estão se deslocando até a unidade prisional para ouvir as reivindicações das presas.
Desde o fim da tarde de quinta-feira (9) uma agente penitenciária é feita refém. Até o momento não há informações sobre feridos. Por questão de segurança, algumas detentas que estavam isoladas (seguro) foram transferidas.
Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), unidade de elite da Polícia Militar, estão à frente da negociação com as presas. A Direção da unidade prisional e o SOE (Seção de Operações Especiais) acompanham as negociações.
Por motivo de segurança dos familiares, as visitas foram suspensas no Complexo Penitenciário de Piraquara até que seja restabelecida a normalidade.
A Penitenciária Feminina de Piraquara tem capacidade para 370 detentas e abriga atualmente 440.
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