O Global Times, jornal considerado ferramenta do governo chinês, afirmou em um editorial que “a guerra pode ser deflagrada a qualquer momento“. Isso porque a força aérea da China enviou um número recorde de aviões de guerra no espaço aéreo de Taiwan, à medida que o conflito se intensifica.

No início desta semana, 34 caças J-16 chineses escoltaram 12 bombardeiros H-6 com capacidade nuclear. Com isso, o total de aeronaves chinesas enviadas à zona de defesa de Taiwan subiu para quase 150, um movimento considerado “irresponsável” e “provocativo” pelos jornais internacionais.

As incursões de aviões de guerra chineses aumentaram as tensões na minúscula ilha, apoiada pelos Estados Unidos, e o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, afirmou que a tensão entre os dois países está em seu pior momento em 40 anos. O presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, escreveu que haveria consequências “catastróficas” para a paz e a democracia na Ásia se a ilha caísse nas mãos da China.

Taiwan se separou do domínio chinês desde que o regime comunista tomou a China, em 1949, e movimentos recentes do governo sugerem que a ilha pode estar perto de declarar formalmente a independência. No entanto, aliados ocidentais de Taiwan expressaram sua preocupação com a demonstração aberta de poderio militar da China, já que é amplamente temido que qualquer forma de confronto armado possa rapidamente se transformar em um conflito global. O presidente Tsai acrescentou que Taiwan “faria o que fosse necessário para se defender”.

Advertindo que um confronto entre as superpotências poderia acontecer em poucos dias, a matéria do Global Times ainda afirmou que “o conluio estratégico entre os EUA e o Japão e as autoridades do DPP está se tornando mais audacioso, e a situação através do Estreito de Taiwan quase perdeu espaço, oscilando à beira de um confronto, criando um senso de urgência de que a guerra pode ser deflagrada a qualquer momento”.

“Não continuem a brincar com fogo. Eles devem ver que a preparação do continente chinês para usar a força contra as forças separatistas de Taiwan é muito mais forte do que nunca. […] Se os EUA e as autoridades do DPP não tomarem a iniciativa de reverter a situação atual, a punição militar do continente chinês para as forças separatistas da ‘independência de Taiwan’ será acionada… O tempo vai provar que este aviso não é apenas um ameaça verbal”, terminou o editorial.

Em uma declaração desafiadora, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, disse que “se a China vai lançar uma guerra contra Taiwan, lutaremos até o fim, e esse é o nosso compromisso”. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que seu homólogo chinês, Xi Jinping, concordou em cumprir o “acordo de Taiwan”, em um diálogo divulgado nesta terça-feira (6), em vista do aumento das tensões entre Taipei e Pequim.

“Falei com Xi sobre Taiwan. Nós concordamos…respeitaremos o acordo de Taiwan. Deixamos claro que não achamos que ele deva fazer outra coisa senão cumprir o acordo”, afirmou Biden.