Edison Brittes, condenado a 42 anos de prisão pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, falou pela primeira vez após a condenação, em março de 2024. Brittes apontou a ex-esposa, Cristiana Brittes, como pivô do crime em 2018. Ele está preso em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). 

Edison Brittes disse que matou Daniel após receber mensagem da ex-esposa
Edison Brittes disse que matou Daniel após receber mensagem da ex-esposa (Foto: arquivo / RICtv)

Em entrevista exclusiva para a repórter Thais Furlan, da RECORD TV, Edison deu detalhes de quando entrou no quarto e contou sua versão da história. Além disso, afirmou que matou o jogador a mando de Cristiana. 

“Sai com o Daniel depois de um tempo, passo pela sala e escuto a Cristiana falar para mim: ‘Olha, não mata aqui. Não mata esse cara aqui dentro de casa. Mata lá na rua’. Aquilo me soa como um isqueiro, um estopim. Minha ideia era ficar ali e chamar a polícia. As duas meninas confirmaram que ouviram isso. Estou falando o que aconteceu, não estou aqui para culpar ninguém Não falei antes porque queria protegê-la”, afirmou Brittes. 

Ao ser questionado se a versão foi apresentada porque se separou de Cristiana, Edison disse que não tem magoa da ex-esposa. Além disso, afirmou que decidiu matar Daniel quando recebeu uma mensagem de Cristiana com as fotos enviadas pelo jogador a um primo. 

“Estava seguindo pela BR, quando recebi uma ligação. Eram da Cristiana. Eu rejeitei duas vezes, até que ela me mandou mensagem com três fotos dela na cama que o Daniel tinha filmado. Vejo essas fotos e uma mensagem de voz junto dela onde ela diz: ‘Mata. Olha o que ele fez. Mata!’. Na hora que eu ouvi o áudio eu decidi matá-lo”, afirmou. 

Cristiana foi condenada por homicídio qualificado (motivo torpe), fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo. (Foto: reprodução / redes sociais)

Brittes afirmou também que o celular do jogador Daniel foi destruído na casa e não por ele. O condenado pelo crime disse que na mesma semana levou o celular da ex-esposa para resetar e que tem o conteúdo relatado salvo no seu celular. 

“No momento certo vai aparecer (mensagens da ex-esposa). Quem vai ter acesso ao telefone primeiro é a Justiça”, retrucou Edison. 

Brittes fala sobre o dia do crime 

Edison diz que quando entrou no quarto, encontrou Daniel em cima da ex-esposa, quando começou a bater no jogador. Ele disse que ficou sem entender o que estava acontecendo, mas que seguiu agredindo o rapaz. 

“Abri o blackout e o vi em cima da Cristiana. Eu pulo a janela, olho aquilo e comecei a bater nele. Em determinado momento ele me falou que ela o chamou, mas eu continuei batendo nele. Eu não consegui entender o que estava vendo. Até então, era uma violência sexual, mas eu só conseguir ver os dois na cama”, afirmou. 

O condenado pela morte do jogador disse também que nesse momento, os meninos entraram no quarto e perguntaram o que estava acontecendo e que em nenhum momento procurou acabar com a sua vida. 

“Eu não quis isso para mim, para minha vida. Eu não fui procurar. Lá é minha casa, meu lar, a cama que eu dormia. Foram atiçar a raiva e a violência dentro de uma pessoa aparentemente tranquila. Eu bato no peito e assumo que matei, mas outros agridem e não falam nada, nem aparecem nos autos. Não é assim que funciona, não é mesmo”, disse.

Arrependimento 

Edison disse também a repórter Thais Furlan que se arrependeu do crime e que agiu sozinho no assassinato do jogador. 

“Ninguém me ajudou. O David, Igor e Eduardo não mataram ninguém. Infelizmente eu fiz esse crime sozinho, por isso foram absolvidos. Se estivessem errados, eu com toda certeza os teria entregado”, defendeu.

Brittes falou também que não houve requinte de crueldade e que degolou Daniel antes da emasculação. Ele disse ainda que estava sob efeito de bebida alcoólica, não estando em seu juízo perfeito. 

“O fato dele ter feito o que fez, estar por cima da minha mulher me fez fazer aquilo. Só que eu estava embriagado. Comecei a beber às 19h e isso foi às 8h da manhã. Eu tentei, mas os percalços no caminho me levaram a isso. ‘Fala uma coisa aqui, mata e etc’, isso tira o foco e coloca no que é errado”, contou. 

Edison Brittes disse que se arrepende todos os dias do crime, mesmo que o jogador tenha cometido um erro. Além disso, afirmou que faria diferente e que teria chamado a polícia no dia em que tudo aconteceu. 

“Essa tragédia não tem concerto. Ele errou, errou. Mas era filho, neto e pai de alguém. Ninguém merece morrer. Não temos direito de matar ninguém. As pessoas que cometem crimes devem ficar presas e pagar”, concluiu. 

Caso Daniel – relembre o crime

Daniel morava em São Paulo e jogava pelo time Esporte Clube São Bento (SP) em 2018. O jogador viajou para Curitiba, onde já tinha morado durante passagem pelo Coritiba Foot Ball Club, em outubro. No dia 26, foi até uma balada sertaneja para comemorar o aniversário de 18 anos da então amiga Allana Emily Brittes. Em 2017, Daniel já tinha comparecido ao aniversário de 17 anos de Allana.

Jogador Daniel Corrêa foi encontrado morto na manhã do dia 27 de outubro de 2018
Jogador Daniel Corrêa foi encontrado morto na manhã do dia 27 de outubro de 2018 (Foto: Divulgação)

Edison Brittes Júnior e Cristiana Brittes, pais de Allana, também estavam na balada. Já na madrugada do dia 27 de outubro, a família e amigos de Allana decidiram estender a comemoração e alguns convidados foram até a casa da jovem, incluindo Daniel.

Na residência, em São José dos Pinhais, Daniel enviou um áudio em um grupo de amigos falando que estava no local e que havia várias mulheres. Depois, o jogador Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, com a mulher desacordada, na cama do quarto da mulher.

Este foi o último contato de Daniel com os amigos. Com o desaparecimento do jovem, familiares ficaram desesperados e chegaram a contatar Allana, que afirmou que não sabia de nada.

Segundo o depoimento de Edison Brittes, ele ouviu a esposa gritando no quarto e, ao chegar, percebeu que a porta estava trancada. O suspeito relatou que arrombou a porta, encontrou Daniel em cima de Cristiana e começou as agressões. Daniel foi espancado na casa, colocado no porta-malas do carro de Edison e levado até um matagal. Além de Edison, três amigos de Allana, David William Vollero Silva, atual marido da jovem, Eduardo Henrique Ribeira da Silva e Ygor King também entraram no carro.

Allana, Cristiana, e uma amiga de Allana, Evellyn Brisola Perusso, ficaram em casa. A residência foi limpa e Evellyn contou em depoimento que só foi liberada após fazer almoço para a família. Em um matagal na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, o jogador Daniel teve o pescoço cortado e o pênis decepado. Em novembro, Edison Brittes confessou o assassinato e foi preso.

Cristiana Brittes é ex-esposa de Edison Brittes, que foi condenado a 42 anos de prisão pela morte do Jogador Daniel. A mulher também é mãe de Allana Brittes, que responde em liberdade, mas já foi presa duas vezes durante o processo.

David William Vollero Silva, Ygor King, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Evellyn Brisola Perusso foram absolvidos pelo júri.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.