Esposa de professor de dança assassinado revela que ele sofria ameaças de suspeito do crime

por Luciano Balarotti
Com informações de Thais Travençoli, da RICtv
Publicado em 18 abr 2022, às 16h09.

A esposa do professor de dança Ronaldo Mendes dos Santos, assassinado no dia 06 de abril, revelou à equipe da RICtv que ele já vinha sendo ameaçado pelo marido de uma aluna, mas que não acreditava que algo tão grave poderia acontecer. As ameaças viriam de Rafael Bueno, o principal suspeito de ter cometido o crime em frente à academia em que a vítima trabalhava, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.

Edilaine Mary de Oliveira e Ronaldo, que também era personal trainer, estavam juntos desde julho do ano passado. Grávida de 6 meses, ela conta que o relacionamento com Ronaldo estava bem e que o professor estava feliz porque seria pai. Mas no começo do ano o marido disse que estava sendo incomodado por uma aluna. Uma mulher casada que estaria insistindo para ter aulas particulares com ele. Edilaine diz que teve acesso as conversas e que Ronaldo relatava preocupação.

“Ele sempre foi um pessoa que tentava explicar o jeito dele… e o Rafael acho que acabava ficando nervoso, até foi na academia atrás dele, o Ronaldo contou pra mim também. Só que como eles eram alunos dele, então acho que o Ronaldo acabou deixando passar, não fez boletim nem nada, porque de repente estava até acostumado né, muito ciúmes e a mulherada toda ali em cima dele. Então foi um momento assim que ele não se importou com essa ameaça do Rafael, sabe, achou que podia ser uma brincadeira, uma coisa assim”, conta Edilaine, destacando que o suspeito do crime também frequentou as aulas de dança de Ronaldo, junto com a esposa.

Ela acredita que Rafael ficou incomodado com as conversas entre a esposa dele e o professor, e que por isso passou a ameaçar Ronaldo. Ela chegou a presenciar algumas dessas ameaças feitas ao seu marido.

“Ele estava recebendo ameaças sim, do Rafael. Ele teve ligações, que até eu presenciei essas ligações, e aí ele falou: ‘eu não tenho nada com sua esposa, apenas sou o professor de dança, esse é o meu trabalho e é o que eu tenho que fazer, eu tenho que avisar as meninas pra irem na aula’. Porque era o que ele precisava, das meninas pra continuar dando as aulas dele”,

explica a viúva.

Apesar das negativas do professor, o suspeito teria continuado com as ameaças. Ele passou a ser investigado pelo crime já no dia seguinte ao assassinato após o depoimento de sua esposa aos policiais. Em um boletim de ocorrência registrado no dia seguinte à morte, a aluna diz que recebeu ameaças do marido por volta de três horas da tarde do dia anterior, dizendo que se pegasse alguma conversa dela com o professor Ronaldo ou caso viesse descobrir algo da mulher com o personal trainer, mataria ela e Ronaldo. A mulher também contou para a polícia que Rafael chegou a ir ao trabalho da vítima para fazer ameaças.

A mulher relatou ainda que Rafael não havia voltado para casa desde a noite do crime, e que ela não sabia onde ele estava. O suspeito só se apresentou à polícia em Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais, cinco dias depois da morte do professor. Ele entregou uma arma, que pode ter sido utilizada no crime, mas ficou em silêncio no depoimento ao delegado Herculano de Abreu, que conduz as investigações.

Casado há 14 anos, Rafael trabalha como açougueiro e tem dois filhos. O suspeito já havia sido reconhecido por funcionários da academia, que relataram que no dia do crime ele esteve na academia pela manhã, procurando por Ronaldo, e foi informado que o professor estaria no local a noite. Como Rafael se apresentou à polícia voluntariamente, ele não foi preso em flagrante e responde em liberdade. Mas o advogado da família de Ronaldo afirma que irá pedir a prisão do suspeito porque o crime teria sido premeditado.

“Com essa informação (das ameaças anteriores), temos a certeza que esse crime foi premeditado. Tudo muda, e vamos sim, vamos pedir, vamos representar a família do Ronaldo, e pedir a prisão do Rafael”,

conta Igor Ogar, advogado da família de Ronaldo.

Ele cobra também que a polícia identifique e ouça a pessoa que dirigia o carro em que o suspeito fugiu do local do crime, por acreditar que ela tem envolvimento direto no assassinato.

“Essa pessoa nós não temos dúvida que tinha conhecimento dos fatos, então participou”, resume o advogado.

Enquanto aguarda a conclusão das investigações e se prepara para o nascimento do filho, a viúva de Ronaldo conta como o crime alterou sua rotina junto com as filhas mais velhas e espera que o suspeito seja julgado e condenado pelo crime.

“Como eu tenho minhas filhas em casa, até hoje elas estão com medo de ficar em casa sozinhas. E eu tenho que ficar toda hora, o tempo todo com elas, né. O que eu quero agora é que se faça justiça, porque eu tenho certeza que o Ronaldo não tem culpa nisso”, desabafa.

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